BEAUTÉ CONGO
QUANDO O CALOR CONGOLÊS DINAMITA O ESPÍRITO PARISIENSE
Este artigo já não é uma crónica. Este artigo inaugura a era do kongossa literário. As mundanidades da cena artística afro-parisiense, dos terraços chiques ao vernissage mais esperado da temporada, tudo o que foi dito, leitores, assistirão a tudo. É verão, vibremos com tudo!
Entradas : Algumas notas de Isaac Hayes com acepipes HipHop.
O sol dá às pessoas a mesma cor,quando um tempo quentíssimo se abate sobre a capital das artes. Quando a Tour Eiffel derrete, os artistas despertam numa atmosfera metálica. O calor torna-nos eléctricos. Na minha caça aos artistas, começo por descobrir uma nova cantora, Alessia Cara; esta mulher pequenina de voz poderosa é a nova pepita da editora DefJam. Esta cantora possui uns pulmões potentes e cordas vocais que fariam dançar a luxuriante vegetação do terraço de Monsieur-Bleu no Palácio de Tóquio. A degustação foi mágica. No outro extremo da cidade, mudança de ambiente total. Mudança radical de ruído. A Caserna de Reuilly acolhe artistas de graf iti num espaço de 1000m2; na noite do vernissage, mais de 1000 pessoas encheram esse espaço para admirar, dançar, celebrar, a face mais arty da cultura urbana.
Prato principal: Beauté Congo, 1926-2015, Congo Kitoko, 11 de Julho - 15 de Novembro de 2015.
A Fundação Cartier para a Arte Contemporânea homenageia o Congo criativo e recreativo. No programa estão 90 anos de arte no Congo! A curadoria da exposição está a cargo do eminente André Magnin. A alma fogosa, efervescente, de um grande povo de artistas explode nos muros da exposição. Dir-se-ia estarmos num concerto de Baloji com grandes desempenhos em todos os sentidos. Regressamos aos anos 20, com os artis- tas precursores. A repartição do espaço, inteiramente repensado, redimensiona os géneros e as instalações. Se todas estas belezas madein Congo existem, é porque o país resiste apesar de tudo, resiste sobretudo. Um povo criativo é um povo que não desiste. Por trás da energia, existe a vida. O fogo, o fogo, o fogo permanece sagrado. E a cor? As manchas de tinta douradas como os sonhos, esses bolos presentes em todas as festas. A cultura pop, o cool à africa--