Jornal Cultura

A CRÓNICA DE IMANNI DA SILVA

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Hoje em dia existe uma de muitas expressões da língua inglesa que praticamen­te se tornou global, “Dresscode”.Traduzida na nossa humilde língua signi ica “código de vestimenta” que é nada mais nada menos do que uma regra a seguir em determinad­os eventos sociais, no que diz respeito a indumentár­ia adequada e, em muitos casos, os convites estipulam a forma como os convidados se devem apresentar. Recentemen­te, a nossa cidade começou a ser inundada de festas dedicadas à cor que torna tudo mais iluminado, o ”branco”. Obviamente que seria o cúmulo da prepotênci­a aparecer na festa vestindo vermelho. A forma como nós nos apresentam­os diz muito sobre o nosso estado de espírito, do que somos e pretendemo­s pois, da mesma forma que nos pode abrir portas, igualmente para além de fechar, pode trancar muitas. As peças de roupa para ocasiões festivas são de tecidos mais luxuosos e têm mais brilho pois, tal como qualquer outro estilo, têm uma mensagem por trás,que é a celebração. Quantas vezes os religiosos, cristãos em especial, ouviram dizer que na missa de domingo usa-se a melhor peça do guarda-roupa? Por mais que para alguns pareça falta de humildade, numa igreja o principal objectivo é de idolatrar o Criador, a verdadeira mensagem é de que este é o dia em que festejamos e honramos o mesmo. Não é segredo para ninguém que eu me encontro na minha zona de conforto quando vestida a rigor pois o glamour sempre me rodeou e bem poderia viver de noite entre cocktails, bailes e galas e chego a ser chata pois sempre que sou convidada seja para onde for eu pergunto onde e a que horas e que tipo de ambiente é, pois faço questão de estar vestida de forma apropriada. Tenho consciênci­a de que nem toda a gente se sente bem formalment­e vestida, principalm­ente os homens que, quando dentro de um smoking(fato de cerimónia masculino) sentem-se a dar entrada na psiquiatri­a contra sua vontade. Independen­temente das nossas preferênci­as,vestir-se de acordo com a ocasião e as circunstân­cias é uma questão de respeito pelas pessoas à nossa volta e,em especial, por quem nos convida. Houve quem me dissesse que não se veste para os outros, mas estas mesmas pessoas esquecem-se que devemos nos vestir de acordo com a nossa personalid­ade e gostos, mas sem termos que pôr de lado o lugar e hora. O que me fez rebentar de esgotament­o foi a última festa onde marquei presença. O convite ditava bem as regras a seguir, frisando glamour e igualmente três cores como tema escolhidas pela organizaçã­o. Como é meu hábito, discuti com o meu guarda-roupa e, depois de alguns empurrões, iz lembrar que quem ganha sempre sou eu pois nele mando. Modéstia à parte, senti-me linda e elegante e, como qualquer convidada,entusiasma­da para lá chegar para ver e ser vista. Ao estacionar, ouvia a música que tornava o espaço convidativ­o e fazia inveja a quem passasse por não ter em mãos obilhete de passagem para mais uma viagem à exuberânci­a e bom gosto. Dei alguns passos e entre olás e beijos perfumados chego à entrada... Ui, senti logo o contornar do meu estômago quando me deparo com pessoas de jeans e ténis, iquei abismada, pois, para além da falta de brio, também as cores recomendad­as pela organizaçã­o da festa foram descartada­s por alguns. Vi des ilar laranja, verde e até xuxuadosàs lores. A minha amiga perguntou logo: Então pra quê dresscode? Realmente...

Não podia deixar de concordar, pois se é permitida a entrada a qualquer um que acha que deve orgulharse da sua falta de bom gosto, então pra quê impôr o que se deve vestir?Confesso que lamentei o desperdíci­o do meu modelitoCo­uture e igualmente o facto de não ter o poder da fada madrinha da Cinderela.Na última novela de horário nobre, uma cena relacionad­a com este assunto fez pensar e discutir. Uma linda advogada foi convidada para um evento, cujo dresscode era Blacktie(outra expressão que, duma certa forma, signi ica que o an itrião espera que os homens vistam smoking de gravata preta seja de que estilo for). Sabendo que o seu namorado nada gostava de formalidad­es, ela chama a sua atenção para a impor- tância de aparecer bem vestido na festa, coisa que o tosco do homem não respeitou, simplesmen­te para ser barrado na porta por ter aparecido de jeans e t-shirt mesmo apresentan­do convite. Ela, no seu belo vestido longo, não deixou de demonstrar a sua indignação e fez algo que todas as mulheres que conheço reprovaram, voltandopr­a casa com o namorado. Eu faria o contrário, pois não iria desperdiça­r a chance de conhecer pessoas interessan­tes e possivelme­nte ter novas oportunida­des de negócio por conta da falta de postura de um irresponsá­vel.Estou ciente de que ainda muitas pessoas na nossa sociedade não têm noção do que vestir, onde e quando. Daí a importânci­a de se facilitar a vida dos convidados informando no convite a melhor forma de nos apresentar­mos, coisa que pelos an itriões é notada e muito apreciada. Em vez de voltar a perguntar o porquê do dresscode já que não se vão dar ao trabalhode barrar entradas, eu pre iro perguntar, quando é que vão começar a barrar quem com as regras de vestimenta não cumprir? Haja respeito pelo Dresscode.

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