Jornal Cultura

Poema de Sarah Howe Relativida­de

- para Stephen Hawking

Quando acordamos eriçados de pânico na escuridão as nossa pupilas tacteiam procurando formas que reconheçam. Fotões lançados das fendas como galgos na pista de corrida revelam a face dupla da luz nas sombras projectada­s em listas na parede semi-escura do laboratóri­o - já não partículas - e, ondulando, dizem adeus às certezas. Pois que certezas há num universo a dopplear em fuga como grito da sirene à meia noite ? Dizem: um lash visto de dentro e fora de um comboio explica porque o tempo se dilata, como um perfeito entardecer; prediz buracos negros onde linhas paralelas se encontram, onde a luz das estrelas no desolado horizonte, curvada, não resiste. Se conseguimo­s pensar tão longe, porque não ajustamos os olhos à escuridão ? ___________________________ Sarah How nasceu em Hong Kong. É uma anglo-chinesa de 32 anos. O seu primeiro livro de poemas “Loop of Jade” (Laço de Jade) ganhou no dia 11 de Janeiro de 2016 o prémio T. S. Eliot, instituído em 1993 e atribuído anualmente ao melhor livro de poemas publicado no Reino Unido ou na República da Irlanda. Nascida em Hong Kong de pai inglês e mãe chinesa, Howe mudou-se ainda criança para o Reino Unido, e a questão das identidade­s culturais cruzadas é um dos temas fortes deste seu primeiro livro, que transita com naturalida­de da mais elaborada versi icação a uma não menos conseguida prosa poética.

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