Poema de Sarah Howe Relatividade
Quando acordamos eriçados de pânico na escuridão as nossa pupilas tacteiam procurando formas que reconheçam. Fotões lançados das fendas como galgos na pista de corrida revelam a face dupla da luz nas sombras projectadas em listas na parede semi-escura do laboratório - já não partículas - e, ondulando, dizem adeus às certezas. Pois que certezas há num universo a dopplear em fuga como grito da sirene à meia noite ? Dizem: um lash visto de dentro e fora de um comboio explica porque o tempo se dilata, como um perfeito entardecer; prediz buracos negros onde linhas paralelas se encontram, onde a luz das estrelas no desolado horizonte, curvada, não resiste. Se conseguimos pensar tão longe, porque não ajustamos os olhos à escuridão ? ___________________________ Sarah How nasceu em Hong Kong. É uma anglo-chinesa de 32 anos. O seu primeiro livro de poemas “Loop of Jade” (Laço de Jade) ganhou no dia 11 de Janeiro de 2016 o prémio T. S. Eliot, instituído em 1993 e atribuído anualmente ao melhor livro de poemas publicado no Reino Unido ou na República da Irlanda. Nascida em Hong Kong de pai inglês e mãe chinesa, Howe mudou-se ainda criança para o Reino Unido, e a questão das identidades culturais cruzadas é um dos temas fortes deste seu primeiro livro, que transita com naturalidade da mais elaborada versi icação a uma não menos conseguida prosa poética.