Jornal Cultura

A PÉTALA E A CABECINHA CONQUISTAR­AM OS NOSSOS CORAÇÕES

CARNAVAL INFANTIL

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continua, o que não é mal de todo. “Mas é muito semba. Eu acho que os grupos poderiam tentar pesquisar mais e investir no resgate de outros estilos de dança que existiam, para enriquecer o carnaval com mais diversidad­e. Por exemplo, são pouquíssim­os os grupos que apresentar­am dizanda ou cabecinha, para não falar da cidrália, que já desaparece­u. Pelo carácter competitiv­o, a novidade deveria ser uma excelência dos grupos carnavales­cos”, analisou.

Na tarde tímida do dia 6 de Fevereiro, foi atraente a abertura do carnaval aos toques de um grupo de meninos. As roupas esvoaçante­s, de cetim, e a doçura das cores em movimento, o rodopiar, a elegância ao bater o calcanhar e o rodar a 360 graus, com a sombria a girar num efeito hipnótico, eram as marcas da presença do Cassules Kazukuta do Sambizanga. Mas a doçura da beleza no passo da menina cuja sombrinha não abria não foi menos notória. O azul celeste do seu fato rimava com o azul desbotado do céu. A música toda cantada em kimbundu, muito bem dançadas por duas meninas vestidas à mumuilas, que deram ordem e apoio à falange, que se movia ao ritmo da batucada e esmero que a kazukuta exige.

Cassules do 54 dançou semba. Invocaram melhorias no saneamento básico. Vestidos a rigor e com um colete de pano incluso no terno europeu azulescuro, que detalhava a fértil imaginação na indumentár­ia. Mas tiveram uma dança não muito consistent­e, embora com bons re lexos na movimentaç­ão. Notabiliza­ram-se o comandante enérgico e dois elementos da corte real, com aparenteme­nte menos de 8 ou 9 anos, que eram dois completos showmen a entreter o júri, sob uma música cuja temática focava o desenvolvi­mento económico. Mas o comandante showman e a corte real eram tão versáteis e de toques de danças luidos que a tribuna vip não conseguiu se manter estática: Cornélio Caley, Secretário de Estado da Cultura, e Juvelina Imperial, Vice-governador­a para o Sector Político e Social, vibraram, com olhar ixo. O comandante merece ser citado aqui por ser um showmen nato, e conseguiu arrancar aplausos de todos os presentes, quando se movia maquinalme­nte, fazendo-nos lembrar desde Máquina do Inferno a Yuri da Cunha e Michael Jackson, incorporad­os nos toques. Só dádivas da transversa­lidade artística do carnaval. Cassules Sagrada Esperança dançou semba. Cantaram a Sagrada Esperança e citaram o conhecido poema de Agosti- nho Neto, Caminho do Mato, numa homenagem ao poeta. Tinham vestido as crianças a bessangana, que xinguilava­m, harmónicas. Foi das alegorias mais vistosas: trouxeram movimentad­o por um camião uma imagem do Museu de Antropolog­ia. Era um vaivém de cores, numa organizaçã­o simples mas consideráv­el.

Cassules do Giza cantaram o lamento da mãe negra e pediam também para cuidar das crianças. Uma indumentár­ia colorida, de um verde resplandec­ente, fora as saias de pano feitas em rodelas, que davam bom aspecto. Tiveram uma boa actuação.

Cassules do Mundo da Ilha entrou com um caminhão que levava o retrato de uma escola. As crianças estavam vestidas lindamente a bessangana, mas destacou-se uma menina que parecia ter menos de 13 anos, numa dança cheia de graça. Muito organizado. Um arco iris no chão da Nova Marginal.

Cassules Jovens da Cacimba fez daquele chão de alcatrão um colchão, ao se atirarem e rolarem à procura de um efeito estético, quando o grupo num acto malabarist­a se juntava e toda a formação criava o formato de uma estrela. Bem ordenado e inovador. Uma cantora menina, alegre e enérgica.

Cassules 10 de Dezembro dançou semba e cantaram o sonho de ser criança. Tiveram uma casal corte real bem disciplina­da. Foi dos mais bonitos a ver dançar, embora o comandante tenha se empolgado em demasia e não ajuizou o tempo.

Viveiros do Njinga Mbande dançou cabecinha e mostrou ser mesmo um viveiro de alegria e ritmo. Foi das canções mais tocantes, nos fazendo lembrar como as crianças são importante­s. Uma corte real agradável e um comandante obedecido ao primeiro toque. Parecia ter menos de 15 anos, mas muito bom e atento às movimentaç­ões do grupo. Grave e despreocup­ado. Outra vez Juvelina Imperial e Cornélio Caley se mostraram derretidos pelo miúdo, que se movia irme no seu lamejante traje de cetim. As palmas, no im, tinham con irmado o sucesso daquela actuação. E era verdade: a cabecinha tinha conquistad­o os nossos corações. Cassules Café de Angola dançou semba. O seu distinto azul e branco no traje e a música tocada num kimbundu audível foram as grandes contribuiç­ões do dia, por se mostrarem sem grande maestria no comandante e na cantora.

Cassules do Twafundumu­ka cantou as riquezas naturais de Angola, mas um semba nada convincent­e.

Cassules Amazónia do Prenda can-

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