Jornal Cultura

POEMAS DE GABRIEL ROSA

UM PARAÍSO POR GERMINAR

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que negro paraíso bebe sua alma destilando luz pisada? não mais creio na veracidade dos rios penteados por um céu camaleão até pinto sobre a mentira de Deus uma verdade gorda quanto me descortina­s a razão nos aposentos do sonho aonde exibis do riso uma dança ocultando a poeira do seu rosto sua alma canta majestosa na pedra enterrada no mar canta sobre a pauta a transcendê­ncia carnal do sonho embarcado em noites esgalgadas

GRÁVIDO DE MIRAR

No golpe do inimigo Cujo Marte cumpliciou oiço... Engaiolada­s canções De liberdade Num choro de cinzas Mortas pelo vento na mão do ouvido Firo-me mar Como a bala inútil Que morre no poente Ante a vergonha de ferir A bexiga de deus Eis-me tombado No ventre d'uma terra Anémica Vêm transfusõe­s Internacio­nais Para me erguer Num Madagáscar Cujas sombras O sol engole Grávido d'um quadro Verde oceano Eis-me cidadão do universo Contra os abutres dos países Que veneram os olhos Do sol

SUICÍDIO

É o lírio da voz Na traseira da canoa Do sonho Que com a alma saboreio Quando o céu risca Das estrelas a fumaça E sobre pés de pedra Um frágil deus Ante o poderio da forca

COMBOIO DE INFÂNCIAS

Tosse o comboio da minha infância Na passarela da memória Vai des ilando sobre a cidade em convulsão A esfaqueada infância Na inocente culpabilid­ade da vida o ciclo Comboianda­ndo vai... A alma zungando em colunas de nuvens Deusi icando mistérios Entre a poesia das aves e o reumatismo Da antiguidad­e Tosse, tosse oh comboio da infância Eis que faleceu o xarope da curadivind­ade Sob o enterro do amor o cristal E tu, oh comboio da infância Vais tosserolan­do mortalidad­e Na visão esfumada da memória

POESETERNA

Morrem Celestiais anjos No fatal golpe da caneta Dos olhos Lágrimas Coreografa­ndo in inidades Eis-me Deus No absoluto sintético Sobre a profunda sombra Dos dedos

Beijar

Poeseterna

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