Jornal Cultura

JAZZ REÚNE KALUANDAS EM TORNO DE MÚSICOS ANGOLANOS, CUBANOS E ISRAELITAS

- JOSÉ LUÍS MENDONÇA

Com o jazzó ilo Jerónimo Belo em palco, comemorou-se dia 29 de Abril em Luanda o Dia Mundial do Jazz. Jazz que a UNESCO elevou a símbolo de união dos povos, culturas e músicas de diferentes latitudes. Jazz que reuniu dezenas de kaluandas (inclusive a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira), em torno de músicos angolanos, cubanos e israelitas.

Como é que se começa um concerto de jazz? Um som de saxofone, um tinido de viola baixo, um toque onírico do teclado... como quem não quer a coisa. Ditame das afinações... o chapéu branco ao contrário na cabeça de Pop Show; o lenço na cabeça de N’Sheriff; dois chapéus pretos com Ilia Kushner, saxo, e Terinho Mumbanda, teclas; e o Tubarão careca na bateria. É com estas cabeças que a banda Atéjazz faz jazz. Uma bateria, duas violas, um saxo e um órgão. E é sempre, sempre, uma viagem que nos diz o saxo. Com mar em baixo. E ondas de espuma magnética. Sting. An Englishman in New York. Be yourself, no matter what they say. Pop Show, a suar através do cachecol branco. Também não é preciso ser assim tão novaiorqui­no em Luanda.

Sobre o cartaz sonhado pela paleta de António Ole, Pop Show marcou a memória da noite com solos a provocar na banda uma coordenaçã­o disjuntiva de acordes. Paradoxo de pássaros instrument­ais. Que faz do jazz uma casa grande de tanta diversidad­e musical, sem espaços para (des)habit(u)armo-nos do eterno rumor dos metais do mundo.

Pop Show fez a viola solo desovar pássaros metálicos na planície do nosso deslumbram­ento. Pop Show canta. E o saxo apanha-lhes as sementes de múcua.

Homenagens da noite do jazz em Luanda: ao Prince, ao ZAN, ao Joaquim Trindade (Kinito) e depois Irina Vasconcelo­s se lembrou de um dos maiores da música africana – Papá Wemba.

Irina Vasconcelo­s que entrou a desa iar as fronteiras universais do jazz. O jazz como matéria loral – pólen melódico – de uma abelha musical.

Finalmente um jazz em português. Canções de afrodizer, o cheiro da terra molhada pela chuva da memória. Com Irina Vasconcelo­s começa a infância do jazz angolano. Ali a nossa alma se preencheu desse instrument­al de seiva e sol poente ( Giyora Arbiser - Saxofone e Nana Hermenegil­do - Percussão, e Drackson Lendário - Baixo), no meio do qual Irina de tranças, voava a construir uma árvore de jazz.

RECADO PARA O JEJÉ BELO: já não icámos para ver o Mário Garnacho Quarteto, nem o Filipe Mukenga, foi uma pena, mas já era meia noite quando a Irina acabou e quem mora a 40 km do centro tem outras arritmias para descontar no tempo até casa.

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Pop Show e banda
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Irina e Jejé Belo

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