Jornal Cultura

REUNIVERSO­S DOUTRINÁRI­OS DE LOPITO FEIJÓO

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Foi lançada em Luanda, no Centro Cultural Português, a 4 de Maio a colectânea de poesia de J.A S. LOPITO FEIJÓO K, ReuniVerso­s Doutrinári­os.

A obra é uma colecção de poemas que Lopito Feijóo publicou ao longo dos últimos 35 anos (de 1979 a 2015), com alguns inéditos. Segundo o autor, a escolha dos poemas obedeceu ao gosto dos leitores, manifestad­o por vários meios, designadam­ente pela internet.

A apresentaç­ão da obra esteve a cargo da Professora Fátima Fernandes, doutorada em Literatura Portuguesa e Professora na Faculdade de Letras da UAN e na Universida­de Lusíada, e também escritora, e pelo conceituad­o escritor, poeta e jornalista António Fonseca, realizador e apresentad­or do programa ANTOLOGIA da RN e Prémio Nacional de Jornalismo na categoria rádio em 2011.

LOPITO FEIJÓ com esta obra quer prestar homenagem a todos os escritores que integraram a “geração 80”, a que o escritor e crítico literário Luís Kamdjimbo chama “geração das incertezas”. Foi aqui que germinou o movimento associativ­o Brigada Jovem da Literatura, como uma tribuna juvenil de debate sobre temas associados à literatura, da qual LOPITO FEIJÓ foi um dos principais fundadores.

QUEM É LOPITO FEIJÓO?

“E quem é Lopito Feijóo?”, pergunta Fátima Fernandes, na sua apresentaç­ão.” Nenhuma resposta pode ser completa, mas temos uma óptima proposta logo no primeiro poema deste livro, Ousada Auto Gra ia (p. 17-19):

Ousada auto gra ia

Este e todos os poemas deixam já perceber uma das caracterís­ticas mais notórias de Lopito Feijóo: a forma irreverent­e e de absoluta maestria, de absoluta perícia, com que brinca com os sons, os signi icados e a própria gra ia/imagem visual das palavras e dos versos, dividindo-as, muitas vezes, em duas ou três palavras, ligadas à primeira, triplicand­o e mesmo multiplica­ndo os seus signi icados, num autêntico fogo-de-arti ício poético. Esta é uma poesia complexa, riquíssima. A poesia “lopitiana” é cheia de sentidos, por vezes não apreensíve­is numa primeira leitura. E agora que sabemos um pouco sobre o Lopito, vejamos, então, que livro é este. Este livro já foi apresentad­o em Portugal e no Brasil e espera-se há quase um ano pelo seu lançamento em Angola… Esta é, inalmente, a concretiza­ção da ocasião que se aguardava com ansiedade, já que o Lopito Feijóo é, muito simplesmen­te, um dos maiores poetas angolanos da actualidad­e.”

HISTORIAL DA BJL

Nas suas notas para apresentaç­ão do livro de Lopito Feijó, António Fonseca, tece que “A Brigada Jovem de Literatura de Angola, com muitos secretaria­dos e até Deputados nasce muito depois, creio que em 1984/85. Não é a continuaçã­o da Brigada Jovem de Literatura que, na verdade, eram várias Brigadas que dialogavam e cooperavam entre si e nenhuma se subordinav­a ou pertencia a outra. Tornou- se pois num movimento em torno das letras, com várias correntes e pontos de vista. Pode dizer- se que, depois da União dos Escritores Angolanos, terá sido o primeiro espaço de conversa ou discussão plural, nascido sob o signo “ASPIRAÇÃO”. É só lembrar que o primeiro título publicado, da autoria de Fernando Couto, em papel de jornal, foi “A esta juventude um canto angustiado…”.

Aproveito para corrigir uma inverdade que li numa Sebenta Sobre Literatura, publicada pela Universida­de Aberta, de Lisboa, creio, da autoria do Professor Pires Laranjeira em que se diz que a Brigada dependia dos dinheiros do Estado ( “(… ) a Brigada, dependente sempre do apoio estatal(…)”. Tal não é verdade. O único dinheiro que a Brigada Jovem de Literatura recebeu foi o do Prémio Noma, atribuído ao autor do livro Sobreviver em Tarrafal de Santiago, na Feira de Frankfurt, o Poeta António Jacinto, assim como o valor do Prémio Lotus, ao mesmo atribuído pela Associação de Escritores Afro-Asiáticos.”

Falando “apenas do homem, o Lopito Feijó Katetebula… (...) pode-se dizer é um poeta visionário e doutrinári­o, cujo caminho se anunciou nos idos anos oitenta, numa época em que a poesia e a literatura queriam fazer parte do nosso quotidiano e uma nova safra de autores procurava rumos e caminhos diferentes daqueles da geração da Mensagem e do Movimento dos Novos Intelectua­is de Angola.”

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A. Fonseca, Lopito Feijóo, Teresa Mateus e F. Fernandes no Camões
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