Grande Prémio ENSARTE XIII edição Luanda Cosmopolita e Convergência Feminina
Ângelo de Carvalho e Maiomana Vua são Grande Prémio ENSARTE. Ângelo, o artista metódico, foi grande prémio em pintura pela sua obra “Luanda Cosmopolita”, re lectindo de modo pictórico toda a complexidade da apreendida noção de cidade e seus paradoxos. Era a sua noite, as sereias do seu Kwanza-Sul xinguilavam a seu favor e voltou ao pódio como prémio Especial Província/Pintura pela sua bucólica obra “Lá… nas bandas”. Maiomona Vua, o artista das mãos afortunadas, foi grande prémio escultura pela sua obra “Convergência Feminina”, que retrata a delicadeza e verticalidade da entidade feminina.
Van, presidente da mesa júri, de ine que a estética, conteúdo da obra e técnicas aplicadas valeram muito, sendo estes indicadores da decisão do júri, embora os membros sejam sempre livres de discutir e suprir dúvidas. Dos grandes prémios, por exemplo, salienta que valeu-lhes por estarem enquadrados dentro da contemporaneidade, ligação aos nossos aspectos idiossincráticos e universalismo, defen- dendo que não podemos nos fechar apenas no nosso sítio, esquecendo que fazemos parte de um mundo que é global. “Defender as nossas tradições, mas abertos ao mundo. As obras tinham que dialogar, não apenas connosco mas com o mundo”, baliza o artista plástico Van.
Detalha que nesta edição os critérios são os habituais, acrescido com a estratégia sugerida pelo curador, Miguel Gonçalves, de os membros do júri não saberem, enquanto discutem os critérios, o nome dos artistas que concorrem. Essa atitude, analisa Van, deu uma outra importância à concorrência leal entre os participantes, apesar de que alguns artistas renomados têm um estilo próprio identi icável, mesmo que os quadros não venham assinados, recaindo a relevância para os artistas menos conhecidos.
A gala da XIII edição do Prémio ENSARTE foi acolhida no Centro Cultural Brasil-Angola, à baixa de Luanda, na noite do dia 28 de Abril e abriu com a apresentação de um documentário que, entre outros assuntos, procurou dar voz aos concorrentes da edição passada, deixando clara as necessida- des e anseios desta classe, ouvidas por individualidades do Executivo angolano sentadas na primeira ila, nomeadamente Bornito de Sousa, ministro da Administração do Território, Pinda Simão, ministro da Educação, Adão do Nascimento, ministro do Ensino Superior, Jovelina Imperial, Vice-Governadora de Luanda, Cornélio Caley, secretário de Estado da Cultura, e o anfitrião Manuel Gonçalves, Presidente do Conselho de Administração da ENSA, a mecenas.
Falta de maior participação dos empresários
Prestigiando a cultura angolana e os artistas, Cornélio Caley distingue o ENSARTE pela ajuda no engrandecimento de uma forte área da cultura, que é, em todos os países do mundo, parte importante no forjamento da identidade nacional. Para si, esta iniciativa deve ser vista como uma tarefa transversal, chamando todos os sectores da sociedade, para que cada um se ofereça à causa à sua maneira e, dentro dos parâmetros da lei, contribuir para estimular os artistas a im de levantar o ego nacional e termos identi- dade diante de outros países.
Frisou que o ENSARTE já levou o nome de Angola mais longe, e apela a que outras empresas, tanto públicas como privadas, entrem também no jogo da cultura, promovendo os seus criadores em todas as suas variedades, dando asas ao sonho do artista que comanda a vida.
Um pouco antes, no momento em que proferiu as palavras de boas vindas, Manuel Gonçalves já tinha levado os presentes a reflectirem sobre a necessidade de intervenção da classe económica na cultura, e apelou ao empresariado sobre a falta em menosprezar o dever de assistência à cultura, concluindo com esta frase que sintetiza a sua nobre e necessária preocupação: “Não podemos pensar numa dissociação entre desenvolvimento económico e desenvolvimento cultural”.
Timothée Chaillou, o crítico de arte internacional
A presença de um crítico de arte internacional veio conferir maior credibilidade e aceitação internacional ao ENSARTE. Timothée Chaillou é fran-