Jornal Cultura

Carlos Burity 45 ANOS DE MÚSICA

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ções, os álbuns Carolina, Angolaritm­o, Wanga, Giginda, Ilha de Luanda, Massemba, Zuela o Kidi, Paxi Iami e Malalanza. Acrescenta­mos, em resumo, que este tem no seu percurso momentos ímpares, chegando a partilhar palcos com contemporâ­neos como David Zé, Artur Numes, Filipe Mukenga, André Mingas, Elias Dyá Kimuezo e outros grandes. E, na noite do dia 29 deste Abril, abriu o espectácul­o com duas canções que foram interpreta­das por si no projecto Canto Livre de Angola em 1983, respectiva­mente “Monami” e “Tona Kiaxi”, em ambas aplaudido de pé. Mas o prenúncio deste Maio África icou consagrado quando cantou “África” e “Lamento de um Contratado”, em que traz no refrão a certeza de que o povo africano venceria. Estes temas ilustram um Carlos Burity da música engajada e atento aos principais problemas sociais do seu tempo de ebulição artística.

Depois, caindo para os tempos recentes da kizomba, com o sucesso “Tia Joaquina” seduzia os presentes no Royal Plaza a um passo de dança. A plateia conteve-se, mas não resistiu da mesma forma quando Burity cantou a também recente “Ilha de Luanda”, que cantou com participaç­ão da cantora latina que o acompanhav­a nos coros. Das mãos de Joãozinho Morgado, que o acompanhav­a nas congas, “Santo António” saiu ao modo formal do semba, seguindo-se “Te quero”, sucesso que digni ica o convicto espírito romântico de Burity, que nestes dias ainda vinca incontorná­vel nas festas da banda a sua “Canção Nostalgia” e “Amor que Doi e Castiga”. O sax, mais forte, chamou Sabú Guimarães, convidado, para interpreta­r os sucessos “Eme Ngo”, “Manuele” e “Kanguidima”.

Voltou com todo o feitiço de “Mu Sanzala”, uma balada soul com arranjos de jazz, quebrando a acalmia com “Paxi Iami”, “Makamba”, “Narciso”, “Uabite Boba”, “Minga”, “Malalanza” e “Onjala Yeya”, interpreta­ções meritórias e que servem de pontos para a avaliação de gosto musical das três úl- timas décadas. O tema “Zumbi dia Papa”, profundo e desigual, fez calar, sentido, todo o Royal Plaza, tendo voltado ao rubro com o tema “Lolito”, que mereceu da parte do trio lírico uma atenção especial, refazendo-o numa mistura entre a música clássica ocidental e o canto kimbundu de Burity, a fechar a variedade de facetas da versatilid­ade musical deste artista angolano que agora conta com 45 anos de música, comemorado­s com este Show do Mês “Carlos Burity 4.5”.

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