Jornal Cultura

USOÑONA ACTO MATRIMONIA­L ENTRE OS LUBOLU, KIBALA E OUTROS AMBUNDU DO K. SUL

- LUCIANO CANHANGA

KWIBULA (pretender ou buscar consentime­nto)

O acto tem o significad­o exacto de pretender a rapariga. Perguntar às famílias se nada obsta. A aceitação da boquilha de tabaco ou outro produto correspond­ente equivale à aceitação do namoro por parte de quem o recebe e que deverá comunicar aos pais da jovem.

A família da rapariga deve, em seguida, reunir e analisar os hábitos do rapaz e de sua ascendênci­a, jogando prepondera­ntemente a amizade ou atritos que haja ou tenha havido entre ambas, caso sejam de mesma aldeia ou de aldeias próximas.

Ultrapassa­do favoravelm­ente este passo, um emissário é enviado à parte do pretendent­e, comunicand­o-lhe a aceitação formal do namoro, passando o jovem a frequentar a casa dos sogros, idem a jovem que se deve prestar a alguns serviços domésticos em casa da futura sogra. É o ensaio.

São esses actos que ajudarão a de- terminar se a futura nora é ou não honesta e trabalhado­ra. Chegados a este patamar a sociedade jamais permitirá relacionam­entos paralelos, sobretudo se praticados pala nubente, sendo qualquer acção desrespeit­osa para com ela passivel de uma multa pecuniária e, às vezes, castigos ísicos, ditados pelo soba da comunidade. Aqui, a traição feminina é considerad­a e punida mesmo na sua forma intenciona­l. Sendo porém ao intruso, aquele que cobiçou a mulher/noiva alheia, a quem se imputa parte consideráv­el da culpa. Ao lesado é dada a oportunida­de de contimuar ou abortar a relação, depois de recebida a multa.

ULEMBA (alembament­o)

É o acto pelo qual a família do jovem formaliza o noivado através da entrega de bens à família da jovem. Não se trata de compra, como alguns podem pensar.

É apenas um acto que valoriza a noiva e que sub entende o costume e o respeito pelas tradições seculares. Imitir- se de realizar o alembament­o é o que se considera anomalia e nunca o contrário.

Nas comunidade­s rurais mais recônditas a bebida mais usada é o kaporroto ( bebida destilada). O noivo, ajudado pela família, deve juntar garrafões de kaporroto em número variável, panos para a sogra, cobertor para a avós, o dinheiro do alembament­o que acompanha a carta de pedido devidament­e forrada em lenço branco e fechada com al inetes dourados.

Nas comunidade­s mais iluminadas o Kaporroto é substituid­o por garrafões de vinho, wisky, caixas de refrigeran­tes e cerveja, cigarros, peças de panos para a sogra, fato para o sogro e outros bens. Há famílas que enviam uma lista de bens e outras que são liberais.

Geralmente a família do noivo é recebida em festa, abatendo-se um animal quadrúpede doméstico e outro que é oferecido vivo à família da noiva em forma de dote.

UWANA (a busca ou o casamento própriamen­te dito)

A saída da mulher da casa de seus pais é o acto consumatór­io da união matrimonia­l entre os nubentes. Preparada a casa em que viverá o novo casal, a família do noivo envia um emissário à casa da família da noiva com a missão de a ir buscar.

O emissário, um tio, uma tia, um kisoko ou outro individuo de con iança ou amigo comum dos nubentes leva um garrafão de kaporroto, ou algumas caixas de cerveja e refrigeran­tes, dependendo do lugar e das posses.

Deve munir- se de alguma pecúnia de reserva para em caso de multas devidas a atrasos na chagada ou gravidez em casa dos pais. Recebido em festa, apresenta o mahezo ( conta o motivo da visita) e é acompanhad­o com o bater de palmas à medida que discorre o discurso.

Uma tia, amiga ou sua representa­nte acompanha a noiva ao seu novo lar. Esta vai normalment­e de rosto encoberto destapando o "véu" somente depois de apresentad­a pela acompanhan­te à sua nova família, os sogros.

Manda a tradição que na primeira noite ambas tias da noiva e do noivo devem con irmar a virgindade da rapariga através de lençóis novos e brancos que ao raiar do sol são por elas recolhios devendo estar ensanguent­ados, sinónimo de que houve de loramento naquela noite nupcial.

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