LUÍS ROSA LOPES APRESENTA FORÇAS DA MINHA LAVRA
Luís Rosa Lopes fez sair, no pretérito dia…, na sede da UEA, mais uma obra poética Forças da Minha Lavra que Francisco Soares, o apresentador, disse no seu sítio da internet, “a ruga e a mão”, que lhe suscita “re lexões acerca de um momento crucial e ténue da história da literatura angolana.
Luís Rosa Lopes nasceu em 1954 em Luanda. Os poetas que nasceram por estes anos podem-se dividir em dois grupos: os de transição entre a poesia militante e a poesia dos anos 80 e os iniciadores da poesia dos anos 80. (…)
O que faz Luís Rosa Lopes, com estas Forças da Minha Lavra, é trazer alguma coisa do que antes dele se cultivou e juntá- la com o que depois foi sentido, sugerido e representado pelos mais próximos em idade. De uma forma própria, naturalmente, personalizada, o que é fácil de ver comparando-o.
Se o compararmos com Paula Tavares, para além da recorrência de tópi- cos ligados ao amor, trabalhados de forma livre – que é de resto comum a toda a geração – há sobretudo contrastes. A lírica de Paula Tavares faz uma transição, não entre o ‘ cantalutismo’ e os anos 80, mas entre poetas como Ruy Duarte de Carvalho e os jovens revelados ao longo dos anos 80. A ruralidade na sua lírica é pessoal e antropológica, para além de estruturante. Rosa Lopes parte diretamente da lírica de combate para essa transição rumo aos anos 80. A ruralidade na sua lírica, tipicamente urbana e luandense, funciona como adstrato intermitente e fragmentado.
A comparação com Ulcerado de míngua luz, de Eduardo Bonavena, faz mais sentido aqui. (…) Mantendo as características comuns à poesia dos anos 80, articuladas com intertextualizações críticas e corrosivas (“os olhos masturbam secos”), ele vai construindo uma proposta poética nova mas, em muito, condicionada pela paixão política e pela postura partidária de oposição ao novo regime. Rosa Lopes faz simplesmente o prolongamento da poesia política anterior e, quando mistura esse tipo de discurso com novas modalidades líricas, é para explorar jogos de sons, associação entre verbo e visualidade, variações lexicais e homofonias.
Na medida em que prolonga, puxa para os anos 80 o discurso poético-político do ‘cantalutismo’ ele pode comparar-se com a lírica inicial de Carlos Ferreira (Cassé), o prefaciador deste livro, no qual realça a maturidade e a maior autenticidade, “despindo-se de alguns formalismos anteriores e entendendo […] que ele é o que tem de ser”. (…)
Forças da Minha Lavra é um título com antecedência em, que me lembre, Oras em Eras de Ira e Amor. O quase homónimo («A força da lavra», p. 26) é um bom exemplo do que icou, na poesia de Rosa Lopes, da lírica de combate. Além do que icou e além dos jogos de palavras e de sons, há no entanto a evolução do poeta no sentido de uma cada vez mais intensa ligação entre a representação ou sugestão verbal e a visual.”