UM ETERNO JOVEM DO PRENDA
Na passada tarde do dia 12 deste Junho, o Centro Cultural e Recreativo Kilamba voltou a fazer o tradicional muzonguê: a casa foi pequena para receber os entusiastas e apreciadores da música angolana. Os Gloriosos do Prenda, Banda Movimento, Chico Montenegro, Augusto Chacaia, Dom Caetano, Calabeto, Lulas da Paixão e Tamara Nzagi juntaram-se para homenagear Didi da Mãe Preta, que actuou com suporte da banda movimento.
João António nasce a 2 de Junho de 1950 na Camuxiba. João António para muitos não diz nada, mas o igurino muda quando o nome Didi da Mãe Preta é citado. Filho de Venâncio António e de Madalena Agostinho, cresceu entre a Camuxiba, Samba, Kinanga, Prenda, Catambor e outras zonas periféricas do litoral luandense.
Nestas zonas as turmas e as festas de carnaval animavam o ainda kandengue, que seguia os grupos União 54, União Zuba e Kabetula do Morro Bento. Com os amigos dos Kasolas do Prenda, entre os quais Cangongo e Verinacio, evoluem para os Jovens do Katambor, que passa a Jovens do Prenda com a entrada do exímio guitarrista Zé Keno, entre 1968 a 1969. Didi da Mãe Preta recorda este marco pela urgên- cia de uma exibição no Kutonoka, para a seguir actuarem no disputado N´gola Cine, lembrando assim momentos desiguais da música angolana. Didi era o líder, a dikanza e o reco-reco eram os seus instrumento e teve como mestre o grande Fontes Pereira, que hoje confere-lhe o garbo de fazer parte da tríade dos exímios tocadores deste instrumento ainda no activo, com Zé Fininho e Raúl Tolingas.
Imortalizou temas como “Mexilhão”, “Makamazary”, “Ngongo”, Carta para entregar” e outros onde não sentimos apenas o ressoar da sua dikanza, mas também a sua voz nos coros, apito, assobio e toda animação e banga de um ilho do Prenda.
Conquistou gente do asfalto como o amigo João Canário, com quem cria um dos mais emblemáticos Centro Recreativo de Luanda: Mãe Preta. A sua acção cultural se estende nas rádios, quando aceita a sugestão dos irmãos Mingas (André e Ruy) e cria o programa cultural Usuku Ua Ngandu.
Quase cinco décadas de altos e baixos dos Jovens do Prenda, Didi da Mãe Preta continua irme com as glórias de eterno jovem proveniente do Prenda. Depois de umas temporadas na diáspora, foi aconselhado pelos amigos a retomar as actividades musicais. Mais uma vez regressou ao Centro Cultural Kilamba um dos poucos que carrega a mística da saudosa Mãe Preta.