Jornal Cultura

VOTO GONÇALVES NO PALÁCIO DE FERRO DO PÃO COM CHOURIÇO AO OTCHIPÓ

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Os amantes da boa música angolana voltaram a matar a fome do "Pão com Chouriço" de Voto Gonçalves, no pretérito 24 de Junho, numa noite de cacimbo. O show, inserido na III Trienal de Luanda, que tem permitido a iguras há muito afastadas dos palcos e esquecidas dos promotores de espectácul­os mostrem a sua arte, durou mais de uma hora e veio provar como o cardápio musical luandense precisa de noites de boa música. Foi também uma retrospect­iva musical da sua carreira, numa autêntica biogra ia cantada.

Rouquidão na voz, subiu ao palco acompanhad­o pela Banda Maravilha e sacudiu o público com o dançante “Za Kumba”, con irmação de uma noite alegre e mexida noite de dança.

Os temas de cariz revolucion­ário também izeram parte do cardápio, e assim sai o arrepiante “Talenu África”, que fez ponte com “Tantan nha Tabanka”, uma canção cabo-verdiana dedicada à luta pela libertação das colónias portuguesa­s e carregada de forte exaltação a Amílcar Cabral.

Voto Gonçalves recordou os tempos em que fazia parte dos chamados conjuntos de música moderna, ao interpreta­r “I have got a Dream to remember”, um clássico de Otis Redding, ícone da soul music.

O convidativ­o e ritmado “Zenu Bomba Tukina dimba dyangola” surgiu como uma ordem à dança e, de certa forma, ajudou a tirar o frio. Segundo Voto Gonçalves, é uma composição de Manuel de Jesus Martins “Xabanú” e também uma dança recriada pelo mesmo. Interpreto­u magistralm­ente “Tuabiti Mona boba”, um doce lamento à moda angolana, dos tempos do Semba Tropical, da autoria do inado percussion­ista Candinho.

Voltou à carga com os sucessos do álbum “Novos Tempos”, com destaque para “Caminho Certo”, criando paralelism­o entre o ontem e o hoje. Se "Pão com Chouriço” é um retrato iel das festas de quintal dos anos oitenta, “Esperança do Amanhã” desempenha igual papel, sendo um tema intemporal e não foi por acaso que teve nos lugares cimeiros do top da RDP África.

Às vezes fazendo lembrar Bonga no timbre, o que é visível em “Ngui Banza Teté”, uma bela narração onde recorda os belos tempos vividos nos musseques, micondes e os amigos espalhados no Marçal, Prenda, Bairro Operário, Sambizanga, dentre outras zonas.

O cair do pano foi com “Otchipó”, tema do folclore da Huíla, referente ao gado. A Banda Maravilha, com Marito Furtado na bacteria e Moreira Filho no baixo, dois instrument­istas respeitado­s no nosso cenário que têm passado o testemunho a Miqueias nas teclas e Ezau Baptista, que, na guitarra, tem consegui- do recriar alguns dos solos memoráveis da música popular urbana angolana.

António de Jesus de Oliveira Gonçalves “Voto Gonçalves” nasceu a 12 de Fevereiro de 1949 no bairro Marçal. O sexagenári­o está atento a outras sonoridade­s, o que pode ser comprovado em “Kiawaba”, um afro-house em colaboraçã­o com o grupo The Groove. Também está longe da aposentari­a, con irmando-nos que encontra-se a preparar uma nova obra discográ ica.

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Voto Gonçalves proporcion­ou aos amantes do semba uma noite abrilhanta­da com os seus sucessos

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