SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA
(OBVIOUS MAGAZINE)
Este artigo visa a discorrer sobre a Literatura, limitando-se a apresentar a ideia de que ela, embora, com muita frequência, tratada como algo de pouca importância, é capaz de fazer com que seus leitores desenvolvam uma posição activa diante da realidade na qual estão inseridos. Literatura é investimento!
De modo geral, a Literatura, ainda, é compreendida como algo de pouca ou nenhuma importância. “Não há por que “gastar” tempo com ela!”, ouve-se por aí. Aqueles que investem nela, enquanto leitores ou escritores, em certas ocasiões, são até estigmatizados. Ocorre também o fato de que, embora seja a instituição escolar um dos contextos onde a Literatura mais deveria estar, é onde, com muita frequência, ela menos se acha. Isso, porque muitos educadores, se é que assim podemos chamá-los, julgam ser a Literatura despossuída de signi icados e de objectivos técnicos, isto é, não promove aprendizagem. Quando, de fato, é utilizada, está acompanhando uma segunda actividade cujo carácter é técnico, exacto, objectivo e/ou pedagógico.
Somos, então, levados a discordar disso e dizer que a Literatura tem, sim, signi icados e objectivos técnicos, sendo capaz de promover aprendizagem. Seus leitores conseguem desenvolver suas capacidades de escrita, já que são abordados por mensagens e indagações de diferentes conteúdos que a criação literária lhes oferece. Conseguem desenvolver suas competências de leitura, desde que sejam evidenciados elementos tais quais a enredo, tempo, espaço, personagens, peculiaridades de cada criação literária, contextualização em relação ao estilo de época e individual, bem como elementos relacionados à própria criação literária, a saber, imagens, peculiaridades de oralidade e ritmo de narrativa. Não menos, conseguem desenvolver a capacidade da oralidade, já que eles passam a lidar com vivências de terceiros (Silva, 2003).
Além de possuir códigos temáticos, ideológicos, linguísticos e estilísticos, faz com que, devido a possuir como base a leitura, ocorra uma abordagem interdisciplinar capaz de demonstrar aos seus leitores as “motivações históricas, sociais, políticas, ilosó icas e psicológicas...” que a integram. Isso implica dizer que a Literatura é um fenómeno multidimensional, revelador de paradoxos e ambiguidades concernentes à realidade de que faz parte (Silva, 2003). Com efeito, seus leitores se identi icam com os personagens e, então, lidam com situações das mais diferentes, o que lhes faz atribuir signi icados às suas vidas. Desenvolvem a capacidade de lidar com situações da vida real pelas quais já foram afectados ou não, ocasionando novas vivências. Em outras palavras, a Literatura também educa.
Criar e recriar realidades
A Literatura faz com que, ao invés de indivíduos, seus leitores sejam sujeitos activos, já que está intimamente ligada ao acto de ler, responsável por promover crítica, re lexão e interrogação, logo, há a desconstrução de conhecimentos cristalizados fundamentados em perspectivas estereotipadas. Junto a isso, é possível dizer que a Literatura pode ser compreendida como uma maneira de posicionar e revelarse politicamente, uma vez que possibilita a seus leitores criar e recriar suas realidades, sem precisarem sobrepujar suas vivências (Silva, 2003).
Diante disso, cumpre dizer que a Literatura pode ser compreendida em duas perspectivas. A primeira é individual, porque promove a criação de fantasias, fazendo com que seus leitores estejam diante de dois imaginários e duas vivências interiores, bem como promove posicionamento intelectual, porque o texto literário faz com que o saber seja construído. “Nesse sentido, o texto literário introduz um universo que, por mais distanciado da rotina, leva o leitor a re lectir sobre seu quotidiano e a incorporar novas experiências”, conforme ressalta Iser (1993, apud Zilberman, 2008). Faz com que seus leitores despertem alteridade sem abrirem mão de suas subjectividades e histórias. Não se esquecem de “suas próprias dimensões, mas expande(m) as fronteiras do conhecido, que absorve(m) através da imaginação e decifra(m) por meio do intelecto.”. A segunda perspectiva é social, intimamente relacionada à perspectiva individual, porque faz com que seus leitores socializem suas experiências, comparem suas conclusões com outros leitores, apresentando seus pontos de vista. Nesse sentido, podemos perceber que a Literatura promove o diálogo, que por sua vez promove trocas experienciais, não sendo, portanto, uma produção egocêntrica (ZILBERMAN, 2008).
En im, temos de assumir que, realmente, não é uma tarefa fácil fazer com que a Literatura seja, cada vez mais, aceita pela sociedade, suas instituições e seus integrantes. Não é nada fácil demonstrar sua importância no desenvolvimento de seus leitores e, com efeito, as contribuições que ela fornece. Talvez seja pelo fato de que seus resultados não serem tangíveis e em curto prazo, duas características extremamente consideradas actualmente. No entanto, não podemos, nunca, esquecer que a Literatura também é prática educadora, que investir em sua propagação bene iciará a todos. É necessário ter persistência. ______________ Referências SILVA, I., M., M. Literatura em Sala de Aula: da teoria literária à prática escolar. Anais do Evento PG Letras: 30 anos, v. 1, n° (1), 514-527, 2003.
Zilberman, R. O papel da literatura na escola. Revista Via Atlântica, n°. 1, 11-22, dez.2008. ___________________
JONATHAS RAFAEL Escrever é ato: às vezes, substantivo; às vezes, verbo. Às vezes, aliás, escrever é ato, por assim dizer, híbrido: substantivo mais verbo e vice-versa. Então, cabe a cada um de nós decidir, de acordo com nossas convicções, qual deles empregar e em quais circunstâncias. .