Jornal Cultura

DE CAPITAL DO KONGO A MBANZA DA HUMANIDADE

- JOSÉ LUÍS MENDONÇA

Durante a terceira mesa redonda internacio­nal que decorreu entre os dias 7 e 8 de Novembro, ficou demonstrad­o que Mbanza Kongo reúne todos os requisitos para ser inscrita na Lista do Património Mundial.

Durante a terceira mesa redonda internacio­nal sobre Mbanza Congo que decorreu na capital da província do Zaire, entre os dias 7 e 8 de Novembro, icou demonstrad­o que a antiga capital do Reino do Kongo reúne todos os requisitos para ser inscrito na Lista do Património Mundial.

Numa organizaçã­o do ministério da Cultura, com o apoio do governo provincial e da UNESCO, a mesa redonda foi organizada em Conferênci­a e Painéis onde se debateram questões da História, da Memória, do Património e da Identidade, distribuíd­os pelos seguintes painéis: I– O Reino do Kongo: Evolução Histórica; II – O Centro Histórico de Mbanza Kongo e o seu Património Material e Imaterial; III – O Kongo e a Diáspora; IV – A Preservaçã­o do Centro Histórico de Mbanza Kongo e os novos desa ios.

Após análise e debate dos temas apresentad­os, os presentes concluíram e recomendar­am: Reiterar a validade das recomendaç­ões e propostas do II Mesa Redonda Internacio­nal sobre Mbanza Kongo realizada em Setembro de 2007, por considerá-las actuais;

Reiterar a dimensão internacio­nal da Cultura e da História Kongo comprovada pelas diversas manifestaç­ões na diáspora;

Contribuir para que nas Universida­des se intensi ique a pesquisa cientí ica sobre a História e Património do Reino do Kongo;

Impulsiona­r a cooperação entre as diversas Instituiçõ­es académicas de Angola, República do Congo, Republica Democrátic­a do Congo, Gabão e de outros países, com objectivo de juntar sinergias para uma maior divulgação dos resultados das pesquisas em cada um dos países;

Continuar as pesquisas arqueoló- gicas em Mbanza Kongo e noutros lugares relacionad­os com o antigo Reino do Kongo para responder a problemáti­ca da sua cronologia, tendo em conta as exigências da Convenção da UNESCO de 1972;

Prosseguir a inventaria­ção do Património material e imaterial do antigo Reino do kongo;

Prosseguir as pesquisas em torno da metalurgia;

Re lectir sobre o carácter polissémic­o do conceito geral de Património;

Rede inir as missões e o estatuto do actual Museu dos Reis do Kongo, evoluindo para o Museu Regional do Antigo Reino do Kongo;

Criar no âmbito do Comité de Gestão Participat­iva do Centro Histórico de Mbanza Kongo uma plataforma para analisar com profundida­de o dia da cidade e elaborar propostas para a sua celebração;

Melhorar as condições de vida das populações locais;

Incentivar o Turismo Cultural e tornar Mbanza Kongo um lugar de referência histórica da Cultura Kongo;

Editar brochuras sobre o reino do Kongo para os diferentes níveis de ensino.

CENTRO URBANO MAIS ANTIGO DE ANGOLA

A Ministra da Cultura, carolina Cerqueira, considerou, no acto de abertura o icial, que “o desa io assumido pelo Executivo Angolano em inscrever o Centro Histórico de Mbanza Kongo na Lista do Património Mundial, constitui uma pretensão digna e honrosa e pretende fazer justiça com um espaço que encerra na sua história diversos atributos, entre os quais podemos destacar o facto de ser o centro urbano mais antigo de Angola, que deu o primeiro Bispo católico negro da África Subsa- hariana, o primeiro embaixador no Vaticano e albergou a primeira catedral de África a Sul do Equador.”

Estiveram pressentes no evento peritos Estados Unidos, Portugal, República do Congo Democrátic­o, República do Congo, Gabão, Camarões e Cabo Verde.

A Conferênci­a inaugural foi proferida pelo Professor Doutor Elikia Mbokolo, Presidente do Comité Cientí ico Internacio­nal da História Geral de África, subordinad­a ao tema: “Mbanza Kongo, un symbole, une ambition, un de i”, onde destacou que a inscrição de Mbanza Kongo na Lista do Património Mundial é a esperança de todo um continente e de todos os ilhos de África, estejam eles em África ou nas diásporas.

Os especialis­tas de Cabo Verde, República Democrátic­a do Congo, Brazzavill­e, Estados Unidos, Portugal, França e Bélgica presentes na mesaredond­a considerar­am que as obras de infra-estruturas sociais em curso na região têm uma importânci­a vital que permite uma classi icação para a inserção de Mbanza Congo na lista de Património Mundial.

Para Charles Akibodé, cabo- verdiano ao serviço da Unesco, o turismo cultural afirma- se como o principal ganho económico de Mbanza Congo e, para tal, as infra-estruturas, como estradas devidament­e reabilitad­as, hospitais e hotéis equipados, afiguram-se de extrema importânci­a para a sua classifica­ção.

Para além de permitirem uma avaliação sobre o estado da questão e os avanços da investigaç­ão nesses domínios, os debates permitiram, igualmente, dar um olhar sobre diferentes metodologi­as, conceptual­izações, bibliogra ias, documentos e textos que se têm produzido sobre a História de Mbanza Kongo e da região Kongo, bem como, o casamento imprescind­ível entre as fontes escritas, as fontes orais e a arqueologi­a.

O encerament­o foi efectuado pelo embaixador de Angola junto da UNESCO, Sita José, o qual enfatizou que “durante dois dias, participam­os em discussões tão pertinente­s quanto enriqueced­ores, à luz das variadíssi­mas e valiosíssi­mas informaçõe­s trocadas: retratando fontes históricas, os resultados das pesquisas arqueológi­cas e sua interpreta­ção cienti ica, as especi icidades e a homogeneid­ade das normas de convivênci­a social no espaço territoria­l do antigo reino do Kongo, os vestígios de expressões culturais e linguístic­as presentes nalgumas comunidade­s de América do Sul, das Caraíbas e da América do Norte, etc.; en im, um manancial de argumentos apropriado­s que reforçam a justi icação da candidatur­a do centro histórico de Mbanza Kongo a património mundial da UNESCO.

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Mesa do presidium
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Kulumbimbi

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