Jornal Cultura

NA PELE DE UM MONA A NGAMBNGAMB­A

BARROS NETO

- JOSÉ LUÍS MENDONÇA

Em Nzaji,zaji, o Último Contratado,C Barros Neto vestee a pele de um mona a ngamba, em virtudetud­e da sua hipersensi­bilidade peranteper o sofrimento humano.

Uma boa estória é aquela que resulta da hipersensi­bilidade do escritor perante o sofrimento humano. É o caso de Nzaji, o Último Contratado, em que Domingos de Barros Neto veste a pele de um mona a ngamba (contratado).

Desde Sombras do Passado, romance também centrado no Dondo, que Barros Neto nos coloca perante situações extremas da vida dos seus personagen­s principais. Em Nzaji, o último contratado da história colonial de Angola, vemos um ser humano aniquilado pelo próprio destino da submissão, que acaba por morrer de doença, depois de tentar inserir-se na sociedade que antes o escravizar­a.

Como a irmou António Costa, na apresentaç­ão da obra, no passado dia 16 de Novembro, no Palácio de Ferro, “na presente narrativa, Nzaji avulta como a igura prototípic­a do contratado. Foi arrancado do seu ambiente natural e levado a uma terra distante, onde é obrigado a trabalhar involuntar­iamente e em condições precárias, como escreve o autor “… saía para a faina, desbravand­o terrenos, aplanando super ícies acidentada­s, plantando laranjeira­s, palmeiras, colhendo dendém, sob vigilância do capataz colono, armado de chicote ‘cavalo-marinho’”

A recensão crítica de A. Costa aponta ainda que “Nzaji, o Último Contratado obedece a uma sintaxe de encaixamen­to (…) Somos confrontad­os com uma macro-estória que con igura a narrativa primária e que é relativa à vida de Nzaji, mas também com outras micro-estórias, como o relato da vida de Rocha.” Rocha era um assimilado negro, “a quem o colono concede um certo estatuto social”, mas, mesmo assim, não estava imune a certas implicaçõe­s (…) como a acusação sem culpa formal e a condenação gratuita”. Rocha era senhor de um emprego certo, e “gozou de uma vida relativame­nte folgado, até ao dia em que foi arrolado como sendo um dos instigador­es, no rescaldo da famosa Revolta do Libolo” e desterrado para a Baía dos Tigres

“O estila da obra”, continua A. Costa, “é caracteriz­ado por uma escrita disciplina­da, cuidadosam­ente submetida às leis gramaticai­s, manifestan­do o autor uma preocupaçã­o na busca de uma denotação plástica da realidade, bem como uma preocupaçã­o com a representa­ção detalhada dos factos.”

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