Jornal Cultura

GOZ’AQUI “COM MULHERESHE­R HUMORISTAS ANGOLA NÃO VAI SER A MESMA.”ES

- JOSÉ LUÍS MENDONÇA|

A tertúlia de Humor GOZ’AQUIGOZ’ Z’AQU celebra quatroo anos de fazfazer rir o público,, desmistifi­cando a realidadee­alidade social e política angolana revista no seu avesso hilariante.

A tertúlia de Humor GOZ’AQUI realiza dia 21 de Dezembro, no Camões, em Luanda, o seu primeiro Festival Nacional de Humor, para celebrar quatro anos de fazer rir o público, ou, pelo menos, desmisti icar a realidade social e política angolana revista no seu avesso hilariante, isto é, no seu lastro de verdade.

Mais de 10 humoristas apresentar­ão 2 horas de show, no estilo stand up comedy angolano, numa organizaçã­o daquela que conta já com uma nomeação e vencedor dos Prémios ZapNews como "Humorista do Ano 2015”. Como é que nasceu o GOZ’AQUI? Tiago Costa, o fundador do grupo, vai des iando as suas memórias: “Foi tudo muito natural. Já tinha tido a oportunida­de de estar no Artes ao Vivo, um evento essencialm­ente de comédia, mas que alberga alguns humoristas, era grande a necessidad­e que eles tinham de expressar a sua arte, mesmo que não estivessem no local certo. O GOZ’AQUI nasce da necessidad­e de se criar uma plataforma que pudesse albergar num mesmo sítio, apenas e exclusivam­ente, humoristas, para que o sector pudesse crescer”, remata Costa, na sua contagiant­e forma de comunicar.

Os humoristas que Tiago Costa abordou, na sua maioria, estavam deslocadas. E todos, de um modo geral, foram passando pelo GOZ’AQUI. “Não falei com os Tuneza, nem com o Calado, porque eles já tinham o seu posicionam­ento, Constatei que havia os Tuneza, cinco pessoas, há o Calado, e depois não havia mais ninguém a sobressair. Na altura, pensei: existem seis milhões de pessoas em Luanda, seis milhões!, e só há seis humoristas. É uma desconform­idade! Eu fui buscar o resto. Foi no Artes ao Vivo que encontrei o Maestro. Depois, o Maestro, que já tinha outros amigos humoristas, ajudou-me a reunir as pessoas que estão connosco até hoje”, explica o nosso interlocut­or. A plataforma de humor do GOZ’AQUI terá produzido cerca de 200 espectácul­os até à data.

RETORNOS

No primeiro e no segundo anos de existência do grupo, Tiago Costa “queimou” algum dinheiro. Estava sozinho a custear as despesas, tal era o entusiasmo. Usou do seu próprio salário. O terceiro ano foi muito positivo e começou, já, a ter algum dinheiro no bolso, para produzir o espectácul­o. Mas, neste último ano, o grupo sofreu uma recaída. Tiveram de abandonar o espaço tradiciona­l, o Baía, em meados do ano. A ida para outro local sem a experiênci­a cultural do Baía, criou constrangi­mentos inanceiros.

HUMOR DE REFLEXÃO

O GOZ’AQUI sempre se pautou por um espectácul­o de humor de re lexão, “um humor inteligent­e”. E muito público identi ica-se com a forma de fazer rir do grupo. Depois criou-se o GOZA FM, porque foram convidados para ir à rádio e faz mais sentido, na óptica de Costa, ter uma rubrica de entretenim­entocomédi­a, que dá pelo nome de GOZA FM, uma sub-marca do grupo e que vai ao ar, às quintas-feiras, às 16 horas, na Rádio Mais, na rubrica Tudo à Toa.

Na TV, foi-lhes dada a oportunida­de de colaborar com a Zimbando, com humoristas do grupo que participam no programa Viva a Tarde, da ZAP.

JUVENTUDE E GÉNERO

Toda a malta do GOZ’AQUI é jovem, não há humoristas mais velhos?

“Nós estamos a começar uma geração. As pessoas esperam um bocado mais. Esperam “cachés” do tipo Tuneza. Só que os Tuneza trabalham há 12 anos para poderem obter esse “caché” e acordam e dormem a rir. As coisas não se fazem de um dia para o outro”, recorda Costa.

No ano de 2015, o GOZ’AQUI teve uma mulher a fazer humor. Um dos grandes objectivos deste grupo de humor é pôr as mulheres angolanas cada vez mais confortáve­is com a câmara, para fazerem humor.

“No dia em que encontrarm­os uma mulher e a pusermos a fazer humor, Angola não vai ser a mesma. A mulher tem a capacidade de in luenciar de uma forma tal que, se tivermos mais mulheres humoristas a coisa muda de igura”, assevera Costa.

PROJECTOS

Muita gente que segue o GOZ’AQUI não vive em Luanda. Por isso, a grande plataforma do grupo é a Internet. E quem vive no interior do país, pergunta porque é que não há mais espectácul­os nas províncias?

Alguns elementos do grupo até já foram a Portugal fazer uma apresentaç­ão para o público angolano na diáspora. Antes do interior, já foram ao exterior. O problema é que o centro da Cultura angolana (tal como da Economia) é Luanda. Mas, diz Costa, “é engraçado que as pessoas mais talentosas de Angola não são de Luanda. É engraçado como a pessoa de Luanda sente a necessidad­e de sair de Angola. O da província que é só chegar a Luanda”.

É objectivo do GOZ’AQUI estar de initivamen­te estabeleci­do na sociedade em 2017. O grupo instaurou um noticiário satírico na Internet, denominado SOPASABER. Para este grupo que faz humor diferente, a incompreen­são surge do contexto africano composto de sociedades acríticas, em que não se pode sequer cruzar com os sapatos de outra pessoa. “As pessoas devem saber o que é que fazemos e porque o fazemos”, de ine Tiago Costa. “Às vezes, acham que temos uma agenda politica, porque fazemos humor político, mas não temos nada a ver. Cresci num ambiente de liberdade de expressão.”

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Tiago Costa
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Angola tem um manacial de humoristas que, só de olhar para eles, já se fica de boca aberta
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