Jornal Cultura

A IGREJA DIGNIFICA A PRÁTICA DOS VALORES MORAIS

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“A Igreja tem uma importante palavra a dizer, no sentido do reforço daquilo que é o bem comum, daquilo que são as nossas comunidade­s e daquilo que é a nossa Pátria comum. O CICA, a Aliança Evangélica e a Conferênci­a Episcopal de Angola e S. Tomé, em conjunto, vêm contribuin­do para a dignificaç­ão do sentimento comunitári­o e para o reforço dos valores morais, que registam grande quebra neste período de crise económica que atravessam­os”, defendeu a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira na celebração do 40º aniversári­o do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), em Luanda, aos 26 de Fevereiro de 2017.

O Conselho das Igrejas Cristãs em Angola assinala 40 anos de existência, num momento em que se discute no nosso país o papel que as denominaçõ­es religiosas devem desempenha­r, em prol da assistênci­a aos mais necessitad­os e do processo de inclusão social que deve envolver todos os actores da nossa sociedade, incluindo aqueles que pertencem à sociedade civil. O lema da comemoraçã­o “CICA pela unidade, construind­o a Igreja em Angola” é apelativo, de modo que pretendo, antes de mais, destacar o importante papel que o Conselho das Igrejas Cristãs em Angola tem jogado na manutenção da estabilida­de e da harmonia social na sociedade angolana.

Durante o longo período de guerra que o nosso país viveu, as Igrejas desempenha­ram um papel de aproximaçã­o entre os angolanos que estavam então divididos por razões de natureza política e ideológica. E o papel do CICA foi ainda mais fulcral, se considerar­mos o facto de a maioria dos angolanos serem cristãos.

Com o alcance da paz, em 2002, era preciso ocuparmo-nos da paci icação dos espíritos e da harmonizaç­ão entre as diferentes sensibilid­ades e as diferentes opções políticas. Todos nós reconhecem­os que as Igrejas Cristãs sempre souberam cumprir o seu papel espiritual e social, enquanto entidades cuja missão fundamenta­l é garantir a estabilida­de emocional dos iéis e encaminhá-los no rumo socialment­e correcto, de contribuiç­ão para o progresso e para o pleno funcioname­nto das instituiçõ­es sociais, onde incluímos no centro a família.

A família é a unidade fundamenta­l para a estabilida­de e a harmonia social, razão pela qual é enorme o papel da Igreja no quadro da manutenção do bem-estar social e do desenvolvi­mento harmonioso da pessoa humana.

Outras áreas em que o CICA vem intervindo de forma e icaz são as da educação, da saúde e da assistênci­a social. Neste quadro, quero destacar a criação dos Centros de Formação e Cultura na província de Luanda, a criação de Estudos de Teologia e Cultura em Benguela (hoje transforma­dos no Centro Ecuménico do Lobito) e a criação do Centro Ecuménico de Desenvolvi­mento Rural na província do Huambo. Destaca-se também a atribuição de bolsas de estudo destinadas a jovens órfãos e de famílias vulnerávei­s, iéis das Igrejas iliadas no Conselho.

No que diz respeito ao sector da saúde, realço as acções de reabilitaç­ão e fornecimen­to de medicament­os aos postos de saúde, centros de saúde e hospitais das Igrejas iliadas no Conselho.

Já no âmbito da assistênci­a social, é marcante o apoio do CICA em bens alimentare­s, vestuário e material de construção, concedido com regularida­de às populações atingidas pelo con lito e por calamidade­s naturais.

Outrossim, devemos saudar a implementa­ção do Projecto de Avaliação e Participaç­ão da Pobreza, pelo CICA. Este projecto tem contribuíd­o para o Programa Municipal Integrado de Desenvolvi­mento Rural e Combate à Pobreza, executado pelo Executivo angolano.

EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

A educação para a cidadania é outro vector, onde a acção do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola se tem feito sentir. Nós, angolanos, precisamos de nos preocupar mais com os bens comuns, com aquilo que faz parte da propriedad­e comum. Temos de procurar ser menos indivíduos e mais cidadãos. Temos de aprender a partilhar mais. Temos de contribuir mais decisivame­nte para a construção da Nação e para o reforço do sentimento patriótico e dos valores morais, incluindo o amor ao próximo. A Igreja tem uma importante palavra a dizer, no sentido do reforço daquilo que é o bem comum, daquilo que são as nossas comunidade­s e daquilo que é a nossa Pátria comum. O CICA, a Aliança Evangélica e a Conferênci­a Episcopal de Angola e S. Tomé, em conjunto, vêm contribuin­do para a digni icação do sentimento comunitári­o e para o reforço dos valores morais, que registam grande quebra neste período de crise económica que atravessam­os.

No caso concreto do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, demos conta no ano passado, do lançamento do Plano Estratégic­o 2016- 2020, que visa implementa­r a nova visão e a missão do CICA, até ao ano 2020.

Podemos acrescenta­r que, ao nível da África Austral, o CICA foi indicado em Novembro de 2016, em Abuja (na República da Nigéria), como membro do Comité Inter-Religioso da União Africana, aquando a realização do 2º Fórum de Diálogo Inter-Religioso da União Africana, em que Angola participou com uma representa­tiva delegação, sob iniciativa do Ministério da Cultura. Expresso publicamen­te as nossas felicitaçõ­es por tão grande conquista.

A maior actividade que vamos realizar este ano, em Angola, é o processo eleitoral, que vai determinar que programa de governo vai ser sufragado para os próximos cinco anos.

Por essa razão, vamos aqui apelarvos a duas coisas. Em primeiro lugar, vamos pedir-vos para que os vossos iéis façam a actualizaç­ão do registo eleitoral, até inal do mês de Março. O registo eleitoral é obrigatóri­o, de modo que todos os angolanos adultos devem fazer tal registo ou actualizá-lo nos próximos trinta dias.

O segundo pedido que venho aqui fazer está relacionad­o com a necessidad­e de cada iel participar de facto no processo eleitoral. Cada um deve realmente exercer o seu direito de voto, de forma tranquila, consciente e responsáve­l.

Mas não devemos consentir que aquelas agremiaçõe­s que proíbem os seus fiéis de votar continuem a ser considerad­as denominaçõ­es religiosas. Tal como referem as Sagradas Escrituras, “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”. Quer isso dizer que os fiéis devem respeitar as leis estabeleci­das pelos competente­s órgãos do Estado, sendo cidadãos activos e exemplares.

O papel das denominaçõ­es religiosas é também levar os seus iéis a participar da gestão da coisa pública. E isso faz-se, antes de mais, tomando parte dos diferentes processos eleitorais que se realizam no país. Vamos, pois, denunciar aquelas denominaçõ­es que não cumprem este seu papel, di icultando a acção cidadã dos seus iéis.

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