CONVITE DE LAMINE KAMARA Literatura Angolana na Capital Mundial do Livro
ADRIANO DE MELO |
Abertura e maior divulgação é o que se espera, em Novembro, das criações literárias angolanas a serem apresentadas na Guiné Conacri, a “Capital Mundial do Livro” deste ano. O convite foi feito pelo presidente da Associação dos Escritores da Guiné Conacri, Lamine Kamara “Capi”, que visitou o país no âmbito da semana da francofonia.
“Conhecer a África em mil livros” é a proposta que o escritor guineense fez aos angolanos, numa cerimónia realizada na União dos Escritores Angolanos (UEA), onde falou também um pouco dos passos dados pela Guiné Conacri para tornar-se a “Capital do Livro”.
A festa, que começa no próximo dia 23, Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, é um dos principais pontos de projecção da literatura africana e abre a possibilidade de a irmação noutros mercados para a maioria dos participantes. Este ano, Angola pode levar dez autores, de gerações distintas. A UEA icou com o encargo de os seleccionar.
Sem pretensões de limitar-se apenas a literatura angolana, Lamine Kamara abriu ainda as portas para as outras artes nacionais. “Durante dez dias as pessoas vão ter a chance de conhecer um pouco mais sobre a cultura de Angola, através dos debates e de exposições artísticas.”
O dia de Angola será a 11 de Novembro, data que o país celebra mais um aniversário da sua independência. Como antecâmara para a participação do país, o secretário geral da UEA, Carmo Neto, ofereceu uma antologia angolana a Lamine Kamara, para este ter já uma noção do que é feito no país em termos de literatura.
Outro projecto proposto pelo escritor é a criação de convenções e parcerias editoriais com Angola e outros países africanos, falantes de línguas como o português ou inglês, para a tradução dos seus trabalhos em francês. “É uma forma de aproximar mais várias culturas, assim como os seus povos, que passam a conhecer, pela literatura, mais sobre a realidade de outros países.”
O projecto
A “Capital Mundial do Livro” é um título atribuído pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e por grandes representantes da indústria editorial mundial todos os anos a uma cidade, como reconhecimento da qualidade dos seus programas de promoção do livro e da leitura.
“O mais importante é apresentar projectos inovadores e que chamem a atenção dos organizadores”, disse, adiantando que pretendem colocar no mercado, até 2018, mais de mil livros sobre África e de autores africanos.
Os pontos de leitura também são essenciais e a organização pretende criar 133, a serem espalhados por toda a Guiné Conacri. Como a falta de livros na Gui- né Conacri é um problema, a UNESCO prometeu doar dois milhões de títulos para as bibliotecas e outros pontos de leitura. O incentivo à escrita é outro propósito da organização, que, através de Lamine Kamara, lançou um desa io aos dirigentes do país: que estes escrevam as suas memórias e as publiquem em livro. “Porém, o legado que queremos deixar no inal da actividade inclui ainda a construção de mediatecas e de outros locais de incentivo a leitura, porque, apesar de não ser uma realidade em muitos países africanos, na Guiné boa parte da população não tem acesso a educação e os jovens tendem a abandonar cedo a escola, em busca de uma pro issão”, explicou.
Por isso, disse, a principal “arma” usada pela Guiné Conacri para obter o títulofoi a alfabetização, através de um projecto ousado e que levou anos a ser implementado. A dimensão da iniciativa, que primava não só pela alfabetização das pessoas na língua o icial do país, francês, mas também nos seus vários dialectos, levou a UNESCO a reconhecer o país.
Atenas, a capital da Grécia, é a próxima “Capital Mundial do Livro”. O projecto, que começou em 2001, já passou por 16 cidades do mundo, desde a África, Américas, Ásia e Europa. Conacri é a 17.ª capital escolhida. O anúncio das próximas capitais, depois de Atenas, ainda não foi feito o icialmente.