NOVO REI DO SAMBO SOBE AO TRONO
Lourenço Kañgoma,añgoma, 42 anosanos, foi entronizadoonizado no final do mês de Abril, comoomo nonovo rei do Sambo,, no município da Tchikala TchTcholohanga.cholohanga. As cerimóniasimónias tiveramtiv início no dia 26 de AbrAbril,bril, com a trasladaçãoasladação do crâniocr do falecido rei,ei, do cemitérioc real paraa o local sagsagrado “Akokoto”Akokoto”,, Pág. acompanhadasompanhadas de babatuques 15e e 15 danças de TcTchinganji.chinganji.
Lourenço Kañgoma, 42 anos, foi entronizado no final do mês de Abril, como novo rei do Sambo, no município da Tchikala Tcholohanga, em substituição de Cipriano Kaningui, falecido no dia 26 de Abril por doença, em cerimónia carregada de muita cultura e tradição.
As cerimónias tiveram início no dia 26 de Abril, com a trasladação do crânio do falecido rei, do cemitério real para o local sagrado conhecido por “Akokoto”, uma espécie de santuário, onde repousam os crânios dos antepassados reis do referido reino, acompanhados de fortes manifestações culturais com ritmos de batuques e danças de Tchinganji.
Antes da entronização, tiveram lugar na madrugada do mesmo dia danças em estilos olundongo, até ao raiar do sol, que terminaram com a chegada de convidados vindos dos restantes três reinos da província.
Após à sua chegada foram dirigidos ao local da cerimónia, conhecido por “Utala wa Huvi” (Altar Sagrado), situado junto de uma mulembeira, onde todos os visitantes, incluindo o governador provincial, João Baptista Kusumua e membros do governo da província tiveram de pegar obrigatoriamente no prato contendo unção de óleo de palma e folhas de elimbui, para afugentar os maus espíritos.
Seguiu-se o momento de aconselhamentos ao novo rei e sua esposa, a rainha, “inaculo”, feito pelos mais velhos da corte, “Ombala”, para o sucesso da sua governação e prosperidade do reino, tendo no final recebido ofertas dos seus convidados.
Lourenço Kañgoma invocou os seus antepassados diante dos convidados suplicando a paz, prosperidade, boas colheitas nas campanhas agrícolas, bem como sucessos durante o seu mandato.
Depois da oração ter sido aceite pelos antepassados, ofereceu uma cabeça de gado e um cabrito, que foram imediatamente sacrificados no local, como acção de graças e a carne consumida na hora sem qualquer tempero, simplesmente assada com sal.
Os animais sacrificados revelam o poder económico do rei, segundo a tradição da região do Sambo, considerando que o rei não pode ser pobre, a soberania tradicional e o domínio económico vão ajudá-lo a impor a sua capacidade governativa e de dirigir o povo que lhe foi confiado.
Com essas condições completas, o rei foi convidado a dançar o estilo olundongo, balançando o chifre do animal morto na cerimónia para mostrar a todos a sua capacidade económica.
Dita a cultura e a tradição dos reinos ovimbundo que o rei que não abate animais na sua entronização revela pobreza e pode não ser respeitado pelos membros da sua corte e do povo.
O rei Lourenço Kañgoma optou o nome de Tumbulula, que em língua nacional umbundo significa reconstruir, pela missão que tem de reconstruir o seu reino, os usos e costumes e a tradição do Sambo.
Dirigindo-se pela primeira vez ao seu povo, o novo soberano prometeu trabalhar com as autoridades do município da Tchi- kala Tcholohanga e com o governo provincial para o bem de toda a população do reino, na abertura de mais estradas, para facilitar o escoamento dos produtos do campo e a construção de mais postos e centros de saúde e escolas nas aldeias e no abastecimento de água potável.
Referiu que as populações precisam igualmente de ajuda com fertilizantes e outros meios agrícolas para o incentivo da agricultura e da pecuária nas comunidades, contribuindo deste modo, para o combate à fome e à pobreza.
Lourenço Kañgoma manifestou o interesse de trabalhar também com os restantes reinos vizinhos no processo de dirigir a comunidade que lhe foi confiada pelos seus antepassados, bem como manter uma relação saudável e de fidelidade às autoridades governamentais.
“Eu sou jovem na idade, mas pela experiência que tenho, sou mais velho porque já andei muito tempo com o rei falecido e todas as responsabilidades que ele deixou terão a sua continuidade, nada vai parar, as populações devem ter calma”, garantiu o novo rei.
O governador do Huambo, João Baptista Kusumua, presente na cerimónia, disse que para que o país se desenvolva tem de se estudar a nossa cultura, respeitar as tradições, os usos e costumes e ouvir os conselhos dos mais velhos, por serem eles os protagonistas e testemunhas heróica da resistência dos ovimbundo contra ocupação colonial.
O rei Kamunda Keseque foi um dos lideres mais destacados da conhecida guerra de Kandumbo, no inicio do século XX, onde depois de fortes combates, tombou o rei Livongue, do Huambo, o que ditou a ocupação do Planalto Central pelos portugueses.
“O reino do Sambo e seus soberanos puseram uma grande pedra importante na construção desta grande Angola independente, desta Nação, que queremos que continue a ser una, porque o povo que habita neste país tem uma grande riqueza que é a diversificação cultural”, disse o governador..
O reino do Sambo vem dos anos 1.400, a sua história leva mais de 600 anos, pouco antes da chegada dos portugueses e a pri- meira dinastia reinante foi iniciada pela rainha Alemba Olui, esposa de um príncipe da ombala Yalundo, hoje Bailundo, que se fixou na zona entre-os-rios Kaningue e Tchitiva, estabelecendo um reinado que dura até aos dias de hoje.
Desde a rainha Alemba Olui, até hoje passaram mais de trinta reis pelo Sambo, entronizados no mesmo local. Os nomes e realizações destes reis perderam-se no tempo, mas a tradição oral apenas regista nomes dos reis como Hambu, Adjunde, Lundungu I, Lukapa Kandjamba, Usiñgalwa I, Handa, Usiñgalwa II, Kamuogule, Tchongolola, Lundungu II, Ekuikui, Lwandi, Tchitangueleka, Kamunda Keseque e Cipriano Kaningue, antecessor de Lourenço de Lourenço Kañgoma, que reina com o nome de Tumbulula.
Estiveram na cerimónia da entronização do novo rei do Sambo, os reis do Huambo, Armando Chimuco, de Tchingolo, António Moreira e da Tchiaka, Joaquim Cambele.