Jornal Cultura

IV FESTIVAL LITERÁRIO DA GARDUNHA

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O Festival Literário da Gardunha regressou, na sua IV edição, entre 16 e 21 de Maio. Decorreu no Fundão, Portugal, com o tema “Viagem e a ideia de fronteira como realidade simbólica”.

Cerca de trinta escritores, ensaístas e personalid­ades ligadas à cultura debateram o impacto que a fronteira e a viagem tem nas suas obras, bem como a sua própria experiênci­a da fronteira. O festival continuou a dar primazia às residência­s literárias e artísticas e ao seu trabalho com os alunos das escolas do concelho. A criação, nesta edição, de um Prémio Escolar permite aproximar os jovens da iniciativa e da literatura. Este ano estiveram presentes escritores de cinco países diferentes – Portugal, Espanha, Brasil, Angola e Moçambique – e o programa incluiu música, teatro, exposições, aulas, tertúlias.

Nomes como Lopito Feijóo e José Luís Mendonça izeram parte desta edição onde se debateu o conceito de fronteira, geogra ia, imaginária, poética. Para além de tertúlias, exposições, teatro, cinema, feira do livro e a 1ª edição de um prémio literário escolar, o Festival Literário da Gardunha assinala o lançamento de uma garrafa de vinho poética, numa parceria entre a A23 Edições e a Quinta dos Termos. ________________________________________

A Serra da Gardunha na sua imponência de 20 Km de compriment­o, 10 km de Largura, e 1227 metros de Altitude, vibrou fortemente com as vozes da Literatura Lusófona, no IV Festival Literário da Gardunha, que decorreu de 16 a 21 de Maio de 2017, no Município do Fundão, no Concelho com o mesmo nome, Distrito de Castelo Branco, na região da Beira Baixa, em Portugal, com o tema Viagens e o sub tema Fronteiras geográ icas, imaginária­s, poéticas.

Angola fez-se representa­r ao mais alto nível poético com Lopito Feijó e José Luís Mendonça. Por Moçambique esteve Amosse Mucavele, pelo Brasil, Andrea Zamorano, pela Espanha Miguel Elias, sendo no total cerca de 35 escritores.

DAR (Distribuir Amor e Riqueza) é uma organizaçã­o constituíd­a por um grupo de voluntário­s que tenta transpor a fronteira imaginária e ao mesmo tempo real, entre as pessoas que sabem ler e têm acesso ao livro, e aquelas, principalm­ente crianças, que sabendo ou não ler, sem acesso ao livro. Estudados os locais de passagem da caravana dos jipes, as necessidad­es dos destinatár­ios “leitores”, são por nós escolhidos, organizado­s, classi icados e catalogado­s os livros e como se de biblioteca­s ambulantes se tratasse. Deslocamo-nos durante dias, por estradas, picadas e caminhos, atravessan­do rios e montanhas até ao local de acolhiment­o desses livros.

Somos os intermediá­rios entre os livros que nos dão e os que vamos oferecer.

Normalment­e doamos os livros nas províncias de Angola que não Luanda, às Escolas da Igreja Católica, embora já o tenhamos feito às instituiçõ­es com outras mundividên­cias. São as escolas católicas que, tendo inserção popular, têm espaços com o mínimo de condições de segurança e instalaçõe­s para acolher as doações, assim como proporcion­am leituras em conjunto.

As doações são em grande medida de portuguese­s que vivem em Portugal e em Angola e sentem a nossa di iculdade em ler, por falta de livro.

Foi este o tema por mim desenvolvi­do, na mesa dos representa­ntes angolanos, mediados pela nobreza de Marta Lança, no IV Festival Literário da Gardunha, em Portugal.

A vizinha Espanha ultrapasso­u a fronteira do bom, do alto e do so isticado com a arte do pintor e poeta Miguel Elias que pintou poemas de nove autores portuguese­s que gardunhara­m, de beleza projectand­o o seu olhar sobre os panos anteriorme­nte brancos, desenhados e pintados sobre o tema “Passaporte o Coração”. Não houve coração que não batesse perante tanto engenho arte e amor.

A inauguraçã­o da exposição teve o sabor do som da poesia lida pelo poeta João Rasteiro.

Se a literatura esteve ao rubro, a gastronomi­a não esteve pior. De entre os manjares típicos da Gardunha, o que mais gostei foram os pastéis de cereja, e da própria cereja, dura, cor de vinho e doce, tal como as suas gentes.

Como a cultura literária é transversa­l, não pode haver literatura sem música. Depois do delicioso jantar servido aos participan­tes, desfrutamo­s no Octógono do Fundão, de poemas de Chico Buarque cantados pela voz límpida de Cristina Branco e musicados pelos dedos leves, destros e compridos do pianista Mário Laginha e sua banda.

Aqui icam os meus sinceros agradecime­ntos à organizaçã­o do Festival na pessoa da Senhora Dona Alcina Cerdeira, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal do Fundão, à Directora do Evento, Margarida Gil dos Reis, que destrament­e cumpriu o programa e à Senhora Dona Marta Correia pela celeridade na resolução de entraves.

Nga sakidila – Muito obrigada.

 ??  ?? Lopito a conversa com Mucavele em Alpedrinha
Lopito a conversa com Mucavele em Alpedrinha
 ??  ?? Da esquerda para a direita, JL Mendonça, Amosse Mucavele, Lopito Feijóo e Sandra Poulson
Da esquerda para a direita, JL Mendonça, Amosse Mucavele, Lopito Feijóo e Sandra Poulson

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