POEMA DE CARLOS MESQUITA
a lágrima
a uma mulher
esta lágrima cristalina que chove dos nossos sentimentos e se cristaliza em nossos corações, uma lágrima que verte no olhar das maldades humanas, uma lágrima que escorre em nossos rostos quando as pessoas não se compreendem, quando elas imaginam algo que nos é dado pela sapiência divina, pela transcendência moral teológica, uma lágrima que inunda e consome, perfura a nossa intimidade, uma lágrima fria, ou aquecida pelos nossos pulsares humanos que se esvaziam gota a gota na emoção da tristeza, da alegria, da nostalgia, da frustração do amor, uma lágrima que nem é do homem, nem da mulher, nem do animal, todos deitam a inal a mesma lágrima, por dores, por satisfação, por atingirem o magma da realidade, por terem alcançado êxitos ou por serem desfeitos, humilhados, recalcados e extenuados.
uma lágrima do escravo, do poeta, do político, do esposa e do esposo, do libertador, do herói, do advogado, do juiz, da criança, do velho, do adolescente, da jovem, en im, uma lágrima dormida e dorida e espremida, uma lágrima que pertence a todos sem distinção da cor, da raça, da etnia, do local onde habita, onde nasceu e de onde se vai, até no senhor a lágrima habita no coração do centro peitoral de jesus, uma lágrima a preto e branco, uma lágrima que se despe das ambições e das humildades, o pobre chora como o rico chora, o presidente chora como chora o operário, o guarda, deles sai a lágrima. ardente, calamitosa, injuriosa, a icionada, amorosa, vazia ou cheia, a lágrima é sempre a água branca, salgada nas vertentes de cada olho e da interioridade humana.