J.A.S. LOPITO FEIJÓO K. IMPRESCINDÍVEIS PARÁGRAFOS DOUTRINÁRIOS
O livro ora apresentado representa-me, enquanto proposta de re lexão acusatória, procurando alguém cuja carapuça lhe poderá servir.
Não é um livro político. É um livro poético e, apesar dos pesares, proponho-me cada vez mais delituoso. Não estranharei se , em razão de uma qualquer e descabida acusação , vir a ser indiciado por crimes de excessivo hermetismo. De uma tentativa frustrada de um tal experimentalismo de artístico ou mesmo de um outro super icial mas provocador e supostamente ultrapassado concretismo poético.
Na esteira de do meu grande amigo -o poeta- José Alberto Marques, sou devoto de uma linguagem para–excessiva (com alguma interpenetração idiomática) sem controlo académico e com nenhuma preocupação erudita.
Escrevendo, sonhamos ser cada vez mais HOMEM PLURAL. Espelho de re lexão e estudo. De risco sem rede no futuro.
Estamos sempre predispostos a reescrever, riscando, correndo o risco de arriscar mas, jamais descorando o legado do poeta Rui Duarte de Carvalho, em razão dos acentos nos tempos e da urgência de sinais que comandam a emoção, abandonado que está, o timbre do momento e da paixão pois, antes de tudo: HUMILDADE é a regra primeira.
Pensamos ser, sobretudo, um aprendiz de poeta ou um escritor que se emenda quotidianamente. Um leitor ou consumidor de poesia e de poéticas. Daqueles que anda consigo mesmo ao colo, sempre sem medo de famosos e fantasmas… em razão do literário colesterol que ainda graça entre nós.
Toda escrita é uma longa, duradoira e misteriosa doença transmissível.
Sofremos com ela. Médicos de um lado e pacientes de outro. Sofremos todos. Escritores e leitores. Sofremos. Sofrem as estantes e os instantes. Sofrem até os nossos ancestrais. As pessoas que nos rodeiam. Os nossos entes queridos e mesmo aqueles que detestamos. Sofrem também. Sofrem muito, até os que nos apartam.
O que mais importa é o aumento da dose medicamentosa ou, se quisermos também, o aumento do tamanho dos pacotes , caixas ou frascos dos medicamentos que suportam, melhoram e elevam a nossa consciência artístico-literária.
O segredo reside, na esteira de Eugénio de Andrade, em deixar que a palavra amadureça… se desprenda e caia, como um fruto maduro, assim que passa o vento que ela merece.
Finalmente… Ser cada vez mais original porque , como dizia o poeta José Régio, ser original é simplesmente ser verdadeiro consigo mesmo.
É justamente isso vimos tentando ser. Cada dia mais verdadeiro, fazendo de cada livro um outro livro. Com uma outra e nova proposta. Com uma nova e outra mensagem – querendo ser – na medida do possível, cada vez mais original debulhando e reinventando a língua!