Jornal Cultura

GRÁCIA FERREIRA REGRESSA A CASA CULTURA E IDENTIDADE EM “JORNAL MURAL”

- ADRIANO DE MELO

Usar o igurativo e o abstracto para expressar a beleza e a diversidad­e das raízes culturais e da identidade é um desa io ao qual a pintora Grácia Ferreira se propôs e conseguiu superar com a sua nova exposição, “Jornal Mural”, onde a experiênci­a de anos associa-se muito às inovações estéticas.

Preocupada com o legado a ser transmitid­o para as gerações vindouras, a artista apresentou ao público, até ao passado dia 27, no Camões - Centro Cultural Português, uma proposta de arte que explora tanto a mudança como a tradição. Uma janela para ver dois mundos diferentes.

Na exposição, que icou patente durante 16 dias, a artista explora, como resultado dos anos de experiênci­a, duas técnicas completame­nte diferentes entre si, numa forma de demonstrar o desa io do artista moderno, que tem o repto de preservar sempre a sua identidade, mas sem descurar “os ventos” do modernismo.

A aposta em estilos diferentes representa para Grácia Ferreira a possibilid­ade de explorar novos horizontes e abrir “portas” a outras possibilid­ades e tendências criativas aos futuros artistas. Para ela, que também só conseguiu chegar até onde está porque antes Don Sebas lhe mostrou os trilhos, é fundamenta­l que os jovens criadores tenham a capacidade de explorar mais o mundo das artes, sem se limitar às barreiras estéticas.

Em “Jornal Mural”, a artista estabelece também uma “ponte” entre as artes plásticas e a literatura, com “trocadilho­s” de obras conhecidas das letras angolanas. Grácia Ferreira vê a fusão como uma oportunida­de de justi icar e provar a importânci­a do surgimento de novas ideias nas artes e despertar também o interesse e a curiosidad­e do público para determinad­os livros.

O feminino, a sociedade, ou o quotidiano e seus desa ios, são temas em foco na maioria dos quadros expostos, 22 no total, a maioria trabalhada em técnicas como acrílico e óleo sobre tela e mista. Embora os temas sejam muito frequentes nas artes, Grácia Ferreira deu um “toque” diferente ao seu trabalho ao introduzir a literatura.

O objectivo, como esclareceu, é simples: explorar, o máximo possível, as expressões reais do quociente humano, mostrando a cada um dos visitantes da exposição, até onde o humanismo pode criar uma sociedade melhor. Como uma mulher sensível e atenta ao seu tempo, a artista fez um enfoque especial aos assuntos do quotidiano em toda a exposição.

Natural de Luanda, Grácia Ferreira foi professora de Educação Visual e Plástica e Formação Manual e Politécnic­a, de 1998 a 2001. A sua carreira artística começou quando o artista Don Sebas, na altura seu vizinho na Vila Alice, viu potencial nela e a incentivou a entrar na escola das artes.

Com o apoio do seu mentor, a artista participou em diversas exposições colectivas. O seu primeiro trabalho individual, “Coisas e Tons do Quotidiano”, foi apresentad­o em 2000, no Camões, em Luanda. Na altura o trabalho reunia dois estilos: pintura e escultura.

Além de ser membro da União Nacional dos Artistas Plásticos, a artista integrou o “Movimento dos Nacionalis­tas”, onde se revelou uma mulher de fortes convicções. Em 2015, ingressou no curso de Arquitectu­ra, na Universida­de Lusófona, Lisboa. Actualment­e dedica a maior parte do seu tempo à pintura.

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