Jornal Cultura

MULHERES QUE MARCARAM AS HARMONIAS ANGOLANAS

-

arço remete-nos ao tema “Ser Mulher” de Lourdes Van-Duném uma das principais referência­s da musica angolana. A música pelas nossas banda tem um pendor masculino, mas em todas etapas as mulheres deram o seu contributo. A história con irma que as mulheres não foram apenas as musas inspirador­as.

Em 1931 nasce Idegarda Oliveira, conhecida no meio artístico como Garda gravou em Portugal o primeiro disco vinil de um cantor a residir em Angola. Estávamos em 1958, disco editado pela Valentim de Carvalho com quatro temas, com destaque para “Maria Candimba”. Garda vive em Portugal, pais onde continua a cantar e produziu um disco em 2011.

Conceição Legot é outra personagem a conhecer, tal como Garda é pouco conhecida pelas novas gerações. Cantora, historiado­ra e nacionalis­ta foi presa aos 21 anos ao escrever os estatutos da mulher angolana. De uma família da elite africana que vivia na Baixa de Luanda. Ccom Belita Palma nos tambores e Lourdes Van-Duném na dikanza, formou o Trio Feminino, tocando violão.

Belita Palma e Lourdes Van-Duném são duas das principais referência­s da música nacional. Fizeram parte do Conjunto Ngola Ritmo formação artística tida como fundamenta­l nos alicerces da música popular e urbana angolana e no uso da arte como meio de enfrentar o poder colonial.

Isabel Salomé Benedito de Palma nasceu em Luanda aos 15 de Outubro de 1932 e cresceu num ambiente musical, o seu pai, Domingos Benedito Palma era músico e em casa da avó aconteciam tertúlias musicais, juntando nacionalis­tas e artistas. Belita Palma teve como suporte, a irmã Rosita Palma compositor­a de parte dos seus sucessos. Na voz de Belita Palma canções como “Manazinha” “Apolo 12”, “Susana”, "Nossa Senhora do Monte", dentre outras assim como a bela adaptação do poema “Caminho do Mato” de Agostinho Neto são importante­s registos da música nacional. “Nguxi”, "4 de Fevereiro", "Marien Ngouabi", "11 de Novembro" e "Fidel Castro" considerad­os marcos da canção revolucion­ária que o pais viveu nos primeiros anos da independên­cia. Belita Palma foi locutora da Rádio Nacional de Angola morreu em 1988.

Lourdes Pereira dos Santos VanDuném nasceu aos 29 de Abril de 1935 e morreu a 4 de Janeiro de 2006. A música entra muito cedo na sua vida, primeiro em casa e depois na escola, a jovem Lourdes Van-Dúnem com a autorizaçã­o dos pais começa a ensaiar com Ngola Ritmos e desta forma conquista o seu espaço. Com esta forma- ção actuou na década de 60 em Portugal, onde participar­am em festivais e programas televisivo­s. Ao longo da sua carreira participou em várias caravanas artísticas quer a nível nacional como internacio­nal. O single de 1973 onde consta “Ngongo ua Biluka” acompanhad­o pelos Jovens do Prenda é um marco da sua carreia.

De acordo com Jomo Fortunado recebeu as seguintes distinções: aos 29 de Março de 1991 o diploma de "Voz Feminina mais antiga da República de Angola" pelo Hotel Turismo; participou na “Expo 92” em Sevilha, tendo recebido aos 31 de Junho de 1993 o diploma de honra de “Homenagem aos Pilares da Música Angolana” no âmbito das comemoraçõ­es do 420º aniversári­o recebeu do Governo de Luanda, no dia 24 de Janeiro de 1996, um diploma pelos serviços prestados à cultura da cidade. Um ano depois foi agraciada pelo restaurant­e XL com o diploma “A Mais Poderosa da Música Angolana. Participou no projecto “So Why” da Cruz Vermelha Interna e trabalhou com artistas como Youssour Ndour, Papa Wemba, Lagbaja e outras nomes da música africana. Com Elias Dya Kimuezo em “Ressureiçã­o”proporcion­ou um dos duetos mais apreciados da música angolana. No disco “Ser Mulher” podemos encontrar temas como: “Uxidi”, “mwabelele”, “monami”, “mungongo” e outras marcam a sua trajectóri­a artística. “Facilité” um clássico da rumba congolesa icou mais bela na voz da Titi Lourdes Van-Dunem. Também foi locutora de rádio, teve uma grande paixão pelas lores.

Desta geração outras vozes emergiram, Lilly Tchiumba, irmã de Eleutério Sanches fez história com o disco “Songs of my people” de 1975. “Mona Ki Ngui Xissa”, “Manaziha, “Paxi Nigongo”, “Monami” e “Kubata Dia Rosinha” foram apresentad­as para um público não angolano.

Milá Melo nasceu Maria Emília Carmelino de Melo na província do Huam- bo em 1943 teve grandes sucessos, como "Vamos à Anhara" e "Tchakupari­ca", uma cantora muito in luente e popular. Uma cantora bastante eclética, vive em França.

Sara Chaves nasceu a 5 de Maio de 1932 em Santo António do Zaire (Soyo). Em 1947 no “De Tanga” grupo que apresentav­a piadas e que viu temas do seu reportório serem censurados. Em 1959 participa no 1º Festival Internacio­nal da Canção realizado no teatro Monumental em Lisboa, dois anos depois passa a interpreta­r temas de Eleutério Sanches, Tonito, José Cordeiro dos Santos e mornas de B. Leza e é o principio de uma viragem musical, juntando-se depois aos grupo

O reconhecim­ento efectivo do seu talento chega em 1966, ano em que ganha o prémio de interpreta­ção no Festival da Canção de Luanda, com a famosa “Maria Provocação”, de Ana Maria de Mascarenha­s e Adelino Tavares da Silva. As recordaçõe­s são ainda intensas: “Nessa noite de Setembro de 1966, no cinema Aviz, ouviu-se música tipicament­e angolana. O sucesso foi estrondoso duo Ouro Negro gravou-a em Portugal e Martinho da Vila no Brasil.” Para além de “Maria Provoca- ção”, a dupla Ana Maria de Mascarenha­s e Adelino Tavares da Silva acrescenta­ram ao repertório de Sara Chaves canções como “Senhora da Muxima”, “Benguela Rua Nova”, “Ritmo de Coração” e “Sangazuza”.

Ana Maria de Mascarenha­s o seu grande contributo é na composição e letras suas interpreta­das por vários artistas como Carlos Burity, Dionísio Rocha, Carlitos Vieira Dias, dentre outros. Foi homenagead­a no Festival da Canção de Luanda da Lac em 2007. Conchinha de Mascarenha­s a irmã notabilizo­u-se com interpreta­ções como “Monami Zeca”, “Serenata a Luanda”, “Mariana Diambimbe” e “Mulata é Noite” temas encontrado­s no single “Melodias de Angola” de 1967.

Alba Clington cantora, bailarina e actriz de teatro era igura de cartaz nos espectácul­os de um passado de alegres memórias. O seu nome pode dizer pouco ou quase nada à nova geração. Mas, para aquela anterior a independên­cia, ela é considerad­a como uma das primeiras estrelas do mosaico artístico angolano.

Após vinte e cinco anos de um quase exílio em França, regressou à terra que, à sua maneira, ajudou a erguer. O fecho com esta senhora é propositad­o porque na época era considerad­a uma diva, era frequente em anúncios, referência­s nas páginas culturais dos jornais e revistas dos tempos de antanho.

Garda, Conceição Legot, Belita Palma, Lourdes Van-Dunem, Lilly Tchiumba, Sara Tavares, Ana Maria de Mascarenha­s, Conchita de Mascarenha­s e Alba Clington o conhecimen­to do seu percurso de vida é importante para perceber a importânci­a da mulher na nossa música.

Importar citar Dina Santos, Fató, Tchinina, Clara Monteiro, Zizi Mirandela, Milita, Mura, Lina Alexandre e outras que reforçaram o papel da mulher no cenário musical e que foram cruciais para o empoderame­nto das cantoras da nova geração no actual cenário musical.

 ??  ?? Lurdes Van-Dúnem é uma das referência­s femininas da música nacional
Lurdes Van-Dúnem é uma das referência­s femininas da música nacional
 ??  ?? Cantora Belita Palma
Cantora Belita Palma

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola