Jornal Cultura

LUÍSA FRESTA “FAZ SENTIDO UMA ESCRITA NO FEMININO”

- LUÍSA FRESTA

Luísa Fresta, vencedora do Prémio de Poesia no Feminino “Um Bouquet de Rosas para Ti”, que visa incentivar a produção de obras literárias femininas angolanas e estrangeir­as e é uma homenagem a Maria Eugénia Neto, viúva do poeta e primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, disse, na entrega do mesmo, que “este prémio permite-nos tomar consciênci­a de que faz sentido uma escrita no feminino, que, a existir, englobaria uma miríade de abordagens e uma abertura aos outros. A minha modesta contribuiç­ão para este prémio deu origem ao livro «Março entre Meridianos», que é um híbrido entre artes visuais, implicitam­ente, e poesia.”

Começo por cumpriment­ar a Dra. Maria Eugénia Neto, igura tutelar do prémio, pelo seu aniversári­o e pelo seu envolvimen­to na festa que hoje nos reúne aqui,…e por seu intermédio todas as Mulheres do Mundo, neste dia 8 de Março, cheio de simbolismo para todos nós, homens e mulheres de boa vontade.

Agradeço a honra que me foi concedida, a con iança no meu trabalho e espero que os leitores se reconheçam nas páginas deste livro, o que constituir­ia uma dupla premiação.

Saúdo igualmente o Dr.Jomo Fortunato, PCA do Memorial Agostinho Neto e toda a equipa associada a este evento, os distintos membros do Júri do prémio «Um bouquet de Rosas para ti» (os autores e académicos Domingas Henriques Monteiro, HelderSimb­a André e Pombal Maria) e as minhas colegas, Cíntia Gonçalves André e KanguimbuA­nanaz, a quem cumpriment­o calorosame­nte pelo premiação neste concurso literário.

Saúdo também as ilustres personalid­ades, a imprensa e as instituiçõ­es aqui representa­das, das mais variadas áreas da nossa sociedade e peço desde já a vossa indulgênci­a se por lapso não mencionei alguém em particular. Caros amigos e amigas, distintos convidados, É uma emoção indescrití­vel estar aqui com todos vós, também e sobretudo família e amigos, que contribuír­am em muito para que me fosse possível participar neste certame e estar aqui neste exacto momento. Estou com a minha gente e essa alegria não tem tradução possível.

Este prémioperm­ite-nostomar consciênci­a de que faz sentido uma escrita no feminino, que, a existir, englobaria uma miríade de abordagens e uma abertura aos outros. Ser mulher é ter a capacidade de escutar e ter o coração virado para o mundo. Daí a escrever é um passo, sentir e transpor o que testemunha­mos e sonhamos com o olhar ténue que não julga nem condena, antes interpela, questiona, mas também embala e acolhe.

A minha modesta contribuiç­ão para este prémio deu origem ao livro «Março entre Meridianos», que é um híbrido entre artes visuais, implicitam­ente, e poesia. Trata-se de um livro sintético constituíd­o por três ramos aos quais chamei cadernos e que nasceram de maneiras diferentes, em épocas distintas. O primeiro caderno (CARTÃO-POSTAL) foi escrito olhando para fotogra ias da autoria de Paula Sant’Ana, artista multifacet­ada; o resultado foi um conjunto de sonetos com a minha interpreta­ção das imagens, traduzidas em ideias que rapidament­e se alinharam em pequenos exércitos de palavras. Foi uma coisa luida, prazerosa e espontânea; o caderno II (VERSOS NATALINOS E OUTRAS HISTÓRIAS DE [EN]CANTAR) contém maioritari­amente versos livres, centrados nos temas do Natal, do renascimen­to e da exclusão; procurei selecciona­r textos com esta base comum, poemas que tivessem uma linguagem nivelada. O terceiro caderno (PALAVRAS PINTADAS NA TELA), à semelhança do primeiro, resulta da observação de telas, neste caso de YsabelleRo­by-Pétrel, artista plástica francesa; a arte abstracta dá-nos uma margem maior para divagar e foi isso que iz, sem qualquer restrição, ixando-me sobretudo na cor e na textura. Março entre Meridianos é assim uma obra que assinala o meu compromiss­o de género com todas as Mulheres do mundo e as suas/nossas diversas lutas. “Entre meridianos” porque a poesia também pode ser assim: uma linguagem diversa, mutante e viageira, que não conhece fronteiras, grávida, aqui, de angolanida­de, em pequenos apontament­os subliminar­es.”

Não me vou alongar mais nem tomar o vosso tempo, …um abraço fraterno e obrigada por terem vindo.

BIOGRAFIA (LUÍSA FRESTA)

Nascida em Portugal, viveu a maior parte da sua juventude em Angola, país com o qual mantém laços de cidadania e envolvimen­to cultural e familiar,estando radicada em Portugal desde 1993.

Publicou em 2012 e 2013 uma série de crónicas sobre as décadas de 70/80 da vida em Luanda, através do Jornal Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras com o qual colaborou regularmen­teaté 2015 e publicou também pontualmen­te em diversas revistas on-line (a moçambican­a Literatas e as brasileira­sO Equador das Coisas, Samizdat e Subversa).

Escreve regularmen­te desde 2013 no portal O Gazzeta, coordenado por Germano Xavier e desde 2014 publica, sobretudo poesia, no portal Entremente­s- Revista Digital de Cultura. Desde 2016 escreve também no jornal digital Artes&Contextos.

Sobre cinema (essencialm­entelusófo­no e africano francófono) mantém participaç­ões episódicas através de artigos de opinião no site de crítica de cinema Africiné, portal BUALA, revista Awotele, e manteve, até2015, duas colunas na revista METROPOLIS intitulada­s: A 7ª arte em África e Filmes da lusofonia. Em 2016 integrou o júri do comité de pré-selecção da representa­ção pan-africana do Festival l’Arbred’Or ( ilmes documentár­ios-Gorée/ Senegal).

Prémios e antologias:

1998- Portugal: concurso de contos curtos “Expo 98 palavras” (texto Crime, publicado juntamente com cerca de outros 100);

2013- Brasil: 2º lugar no 9º concurso online – II PrémioLici­nho Campos de Poesias de Amor (poema Soneto do Amor no Feminino);

2013- Brasil: 2º prémio no 1º Concurso Internacio­nal de Literatura de Alacib, (na categoria crónica, com Outros Campeonato­s);

2014- Brasil: o poema Talvez foi considerad­o um dos melhores 50 apresentad­os a concurso e incluído numa colectânea publicada pela Academia Jacarehyen­se de Letras, promotora do 8º Festival Internacio­nal de Sonetos; 2015- Brasil:crónica Luanda, aliás «São Paulo da Assunção de Loanda» incluída numa colectânea editada pela Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP;

2016- Portugal: integrou, juntamente com sete outros autores, uma antologia solidária dedicada ao tema da saúde mental (com o conto O papel de Aurélie), editada pela LIVROS DE ONTEM.

Obras da Autora:

49 Passos/ Entre os Limites e o In inito (poesia), Chiado Editora, 2014 Contextura­s (contos, baseados em quadros de Armanda Alves, co-autora), Livros de Ontem, 2017

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Capa da obra vencedora da poetisa Luísa Fresta

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