ANTÓNIO AGOSTINHO NETO UMA TRAJECTÓRIA A PARTIR DAS HONRARIAS
Com várias obras publicadas, António Agostinho Neto, primeiro presidente da República de Angola, já se a irmava como um dos mais destacados intelectuais da sua geração quando lhe foi atribuído, em 1970, o Prémio Lótus, pela segunda Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos. Prezado como o Nobel afro-asiático para a literatura, o Prémio Lotus ajudou a produzir um verdadeiro cânone afroasiático contemporâneo, tendo ainda prestigiado o poeta palestino Mahmoud Darwish (1969), o escritor sulafricano Alex La Guma (1969), os romancistas Sembene Ousmane (1971 ) e Ngugi wa Thiongo (1973) e o novelista nigeriano Chinua Achebe (1975).
As referências sobre o Prémio Lotus e outros títulos honorí icos atribuídos a Agostinho Neto foram reunidas no livro “António Agostinho Neto - Uma Vida por Angola”, lançado, recentemente, no Memorial António Agostinho Neto (MAAN), em Luanda, pela Fundação António Agostinho Neto (FAAN), e cuja apresentação coube ao antigo Secretário de Estado da Cultura e escritor, Cornélio Caley.
O livro apresenta as condecorações, medalhas e títulos honorí icos outorgados a Agostinho Neto enquanto nacionalista, médico, lutador pela libertação, poeta, ensaísta, demonstrando em como se tornou num dos maiores estadistas do século XX no nosso continente. A partir dos títulos se pode ver a trajectória cultural, política e diplomática do fundador da Nação, que, após a proclamação da independência, foi distinguido com o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lagos, Nigéria. "O discurso proferido por Agostinho Neto, quando lhe foi outorgado o Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lagos, Nigéria, coloca a angolanidade na africanidade e esta na universalidade. Por isso, Neto, deixa a cada um de nós, sobretudo aos académicos e políticos, um grande desa io", explica o escritor.
As medalhas, troféus, ordens e outras, outorgadas, vão de 1966 até 1979, com Neto em vida e, continuaram até 2013, com o Troféu Raça Negra da Sociedade Afro- Brasileira de Desenvolvimento Sócio- Cultural de 17 de Novembro, a título póstumo.
“Elaborado com bastante engenho e técnica, é um livro cientí ico, sumário mas abrangente, de tal forma que, apenas em duas páginas, apresenta-nos a biogra ia completa de Neto. Destaco a última página, em que nos acrescenta uma relação toponímica pública de diversos lugares e sítios de memória, em diferentes países, com o nome de Agostinho Neto: universidades, esco- las, aeroportos, ruas, praças, avenidas ou hospitais", refere Cornélio Caley.
Já a presidente da FAAN, Maria Eugénia Neto, disse na abertura que Agostinho Neto é a maior personalidade angolana do Século XX, por ter libertado o país de armas na mão e por ter proclamado a Independência e ajudado a África Austral a libertar-se. Maria Eugénia Neto acrescentou que, Neto está no catálogo das glórias humanas e orgulha todos os angolanos pela sua obra literária, bem como pelas conquistas políticas e militares.
Para a presidente da FAAN, o maior feito do Fundador da Nação foi defender a integridade territorial de Angola, expulsando os invasores sul-africanos e zairenses do solo pátrio e criar as forças armadas com três ramos: exército, marinha e força aérea, com capacidade estratégica e táctica.