Jornal Cultura

PROJECTO “CINEMA DA MINHA BANDA” GENUÍNO LEVA TERROR ÀS SALAS

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ilme “Cobaias 72 Horas de Terror” é a nova aposta cinematogr­á ica que o realizador angolano, Funzula Eduardo “Genuíno” tem levado às salas de cinema do país, desde Fevereiro do corrente ano.

Com tempo de uma hora e 50 minutos, o filme é um misto de acção, drama e terror, enquadrado no projecto “Cinema da Minha banda”, lançado em Dezembro do ano passado, pela produtora Maffia Filmes, um projecto de abrangênci­a nacional, que visa à formação de actores e produção de filmes de baixo custo, exibidos em zonas urbanas e subúrbios em vários pontos do país.

O ilme estreou na segunda quinzena de Fevereiro do corrente ano, na casa da Juventude de Viana, e já foi exibido na Mediática Zé Dú do Cazenga e em simultâneo, nas províncias do Bengo, Uíge, Zaire, Cuanza Norte e Sul, Moxico, Malange, Cabinda e Benguela. De acordo com Genuíno, o projecto prevê a exibição do ilme ao longo do ano, em todas as províncias do país, juntamente com outros títulos da produtora.

Escrito por João Manuel Kimbumbuis­a, o argumentis­ta de “Cobaias 72 horas de terror” inspirou- se em cenas do dia- a- dia, ligadas a tradição, usos e costumes vivenciado­s tanto em regiões urbanas e rurais de Angola, como a crença no feiticismo, também associado às ambições desmedidas da juventude, que na ânsia do lucro e riqueza fácil, tem apostado em actos que em nada dignificam a boa educação e a moral. Para o préroteiro, o ficcionist­a apoiou- se também nos dois últimos filmes da produtora, o “Sangue derramado” e “Pânico na floresta” escritos pelo produtor Finda Artes.

O ilme conta a história de um grupo de jovens que em busca de melhores condições de vida, vão à procura de uma estátua de grande valor e no decorrer das buscas descobrem que a zona era dominada por homens infectados por um tipo de vírus, que altera a aparência humana, transforma­ndoos em seres perigosos. Este vírus obriga o grupo a enfrenta-los, com a condição de cumprirem a missão em 72 horas, ou abandonar o território.

CONFLITO

Com a esperança de que a estatua mudaria suas vidas, o ilme é dividido por cenas de discórdias e ambições entre os elementos do grupo, sentimento que em momentos coloca em perigo a missão. Das mais conhecidas técnicas do roteiro cinematogr­á ico, o “con lito” no ilme “Cobaias 72 horas de terror”, centraliza-se no plano de alcance da peça valiosa, a estátua misteriosa, onde na sequência do enredo, vêmos a ambição entre os elementos do grupo, que diante do perigo eminente, uns decidem desistir, enquanto outros, preferem colocar as mãos no suposto tesouro, com a condiciona­da operação acontecer em menos de 72 horas, pois, acima deste tempo, todos estariam dizimados pelos seres estranhos, possessos de espíritos malignos daquela região. Entre as personagen­s, já à meio da missão, Ngola o mais calmo do grupo, entre a suposta peça valiosa e a vida, preferiu ouvir a voz da razão, decidindo afastar-se da tal aventura, aconselhad­o os restantes colegas a valorizare­m o bem da vida em detrimento da riqueza fácil. Mas Afra, o ganancioso do grupo, não aceita a proposta e convence Luinga a icar, tomando desta forma a decisão que viria determinar o rumo de suas vidas.

DA CARACTERIZ­AÇÃO AO TERROR

De acordo com Genuíno, o terror é um género cinematogr­á ico ligado à fantasia especulati­va, que, com ajuda da caracteriz­ação e softwares de edição na produção inal, causa medo e aterroriza a consciênci­a das pessoas. Conhecido no mundo da arte e do cinema como “Maquilhage­m artística”, a caracteriz­ação é a acção de maquilhar visualment­e às personagen­s para a representa­ção. Formado no curso de caracteriz­ação pela TV Miramar Moçambique, em 2009, Funzula Eduardo “Genuíno”, disse que produzir um ilme de terror no real sentido, envolve muitos gastos, na compra de material, sobretudo para caracteriz­ação de feridas. Para minimizar a situação, o cineasta tem usado material de pouco custo. No ilme “Cobaias - 72 horas de terror” usou papel higiénico, Cola branca, pó e massa de múkua, ginguba, massa de carro e corante de gelado. No ilme “Sangue derramado” produzido em 2015 e no “Pânico em Cacuaco”, usou plasticina, gelatina, corante de gelado e papel higiénico. O realizador adverte que para a produção de um ilme de terror, exige-se técnicos especializ­ados, desde a caracteriz­ação à produção inal, tendo em conta as cenas de continuida­de. Para o realizador, a produção cinematogr­á ica da actualidad­e compadeces­e com o que o público quer ver e não com o que o realizador oferece. "As pessoas icam entediados ao assistir ilmes que não mudam de formato há mais de 20 ou 30 anos, como os policias, os de acção e as novelas. “Quando alguém aparece com algo não muito secular, como os ilmes de temáticas animistas tradiciona­is e religiosas, que mostram valores culturais de uma determinad­a região, conquista audiência perante o público”, disse. Gravado no ano passado, entre as províncias de Luanda, zona das Mabubas e Caxito, e do Bengo, “Cobaias72 horas de terror”, foi produzido pela Maf ia Filmes e Nginga TV, e realizado por Funzula Eduardo “Genuíno”.

“CINEMA NA MINHA BANDA”

O projecto “Cinema na Minha Banda”, da produtora Maffia Filmes, pertencent­e ao realizador, “Genuíno” é um projecto criado em 2014, que funciona em um estúdio improvisad­o na casa do seu mentor, sita na Vila Alice, que visa a feitura de um tipo de cinema com poucos recursos financeiro­s, dando oportunida­de a jovens interessad­os em aprender técnicas de cinema.

Funzula Eduardo “Genuíno” considera o projecto uma porta aberta ao surgimento e desenvolvi­mento de artistas da nova geração e anónimos, desde que possuam talento e vontade de aprender e fazer cinema. De acordo com o realizador, o projecto não tem patrocinad­ores e sobrevive com o rendimento das exibições dos filmes já concluídos.

Desde a sua criação em 2014, oprojecto já formou vários actores de cinema, muitos deles solicitado­s por outras produtoras para integrarem outros projectos cinematogr­á icos. Para o cineasta, é possível gravar três ilmes em simultâneo, por se tratar de obras de pouco custo inanceiro e contam com os mesmos actores que vão mudando de igurino em função do papel e o tipo de ilme que desempenha­m. Para melhor divulgação do cinema nacional, consta do projecto a exibição das obras, nas zonas suburbana e rurais do interior do país.

O projecto criado em 2014, já produziu mais de cinco filmes. Entre este destacam- se “Sangue Derramado”, feito no Bengo, em 2015, “Vidas em Riscos” rodado em Luanda, Benguela e Portugal, em 2017, “Fúria no Kalawenda”, gravado no Bengo e Luanda, em 2017, “Cobaias - 72 horas de Terror”, filmado em Caxito, em 2017, e encontra-se em rodagem, em Luanda, o filme “Traição Morta”, que é lançado ainda este ano.

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Jovens actores durante as filmagens de “Cobaias 72 Horas de Terror”
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Realizador Funzula Eduardo

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