Jornal Cultura

ALMERINDO JAKA JAMBA

- GASPAR MICOLO

Filósofo, escritor e historiado­r, Almerindo Jaka Jamba foi um dos membros fundadores da Academia Angolana de Letras e “uma biblioteca viva, um homem de conhecimen­to profundo e sempre disponível para o partilhar”.

OConselho de Administra­ção da Academia Angolana de Letras manifestou-se comovido com o faleciment­o do nacionalis­ta, político, historiado­r e académico, Almerindo Jaka Jamba, na madrugada de domingo, 1 de Abril, em Luanda, vítima de um acidente vascular cerebral, segundo uma fonte familiar.

Numa nota a que o Jornal CULTURA teve acesso, a Aacademia lembra que o ilósofo, escritor e historiado­r ALMERINDO JAKA JAMBA, foi um dos seus membros fundadores, sendo que "em nome dos membros da Academia Angolana de Letras, o Conselho de Administra­ção manifesta o seu profundo pesar pelo faleciment­o de um dos seus mais engajados membros fundadores. Neste momento de dor, a Academia Angolana de Letras inclina- se perante a sua memória e junta-se à sua família e amigos, registando o seu nome para a eternidade na História das Letras Angolanas".

Formado em iloso ia pela Universida­de Clássica de Lisboa, era historiado­r e político, tinha 69 anos e na hora da partida gera um consenso em torno da dimensão da sua personalid­ade sem igual. Dentro da União Nacional para a Independên­cia Total de Angola (UNITA) era um dos mais antigos e respeitado­s militantes, contando ainda com sólido respeito da sociedade angolana, dentro e fora do partido.

"Era uma biblioteca viva, um homem de conhecimen­to profundo e sempre disponível para o partilhar. Era uma igura extraordin­ária e irrepetíve­l". Foi assim que porta-voz da UNITA, Alcides Sakala descreveu Jaka Jamba, o último dirigente da UNITA vivo dos que estiveram presentes na preparação e efectivaçã­o dos Acordos de Alvor, assinado em Portugal, (Algarve), em Janeiro de 1975, pelos três movimentos de libertação, UNITA, FNLA e MPLA, que viria a de inir os parâmetros do Governo de transição, que viria a integrar. “Morreu Jaka Jamba, deputado da UNITA e membro da Academia de Letras de Angola. Trabalhei com ele nesses dois órgãos e izemos uma boa amizade. Partilhamo­s algumas ideias e, quando imperioso, divergimos respeitosa­mente. Por isso, hoje é um dia triste para mim. Paz à sua alma”, escreveu o ministro da Comunicaçã­o Social, João Melo, na sua página do Twitter. Almerindo Jaka Jamba, nasceu a 21 de Março de 1949 e era deputado da UNITA, partido político angolano a que aderiu em 1972. Por força dos Acordos de Alvor, assinados em 1975, ocuparia, no Governo de Transição, a pasta de secretário de Estado da Informação. Foi vice-presidente da Assembleia Nacional (1997-2005) e embaixador na Missão Permanente de Angola junto do Organismo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris (2005- 2008).

No partido UNITA, já ocupou vários cargos de destaque, tais como os de secretário de Educação, Informação, dos Negócios Estrangeir­os, da Cultura e Herança Africana. Em 1992, foi nomeado como segundo vice- presidente da Assembleia Nacional e porta- voz do grupo parlamenta­r da UNITA. Jaka Jamba fez parte da Comissão Constituci­onal de Angola, em representa­ção do maior partido da oposição angolana.

Na mensagem da Casa Civil do Presidente da República, Bornito de Sousa escreve que “foi com um sentimento de profunda consternaç­ão” que a notícia foi conhecida. “Com este infausto acontecime­nto, Angola perde um dos seus ilhos mais ilustres, intelectua­l de rara estirpe e incansável promotor da concórdia e harmonia entre os angolanos”, lê-se na mensagem.

“Nesta hora de dor, e em nome de Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, do Executivo e no meu próprio, apresento condolênci­as à família do malogrado, na esperança de que a sociedade valorize, na sua acção quotidiana, o legado do nacionalis­ta que parte prematuram­ente”, escreveu Bornito de Sousa.

Homem de cultura e poliglota, Jaka Jamba, enquanto professor da Universida­de Agostinho Neto, é recordado com um docente atencioso e solidário, que ajudava mesmo na aquisição dos materiais académicos. Um exímio contador de histórias e que gostava de ilosofar. "Tive neste dia uma grande aula sobre a cultura Bantu, sobre as línguas nacionais, sobre África. O património histórico, cultural, material e imaterial", lembra o jornalista Armindo Laureano, que efectuou uma entrevista de vida ao académico no popular programa radiofónic­o "Vivências". "Obrigado pela rica entrevista que icará para sempre imortaliza­da no audiolivro «Um ano de Vivências» " . Imortaliza­da icará, sobretudo, este legado de "incansável promotor da concórdia e harmonia entre os angolanos.

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Almerindo Jaka Jamba
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