Jornal Cultura

MISS ANGOLA 2018

PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO

- JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA

I - “TENHO VERGONHA”

Ontem, assisti à parte inicial do “Miss Angola”. Agastado e envergonha­do, desisti de assistir à transmissã­o televisiva. Ao ver as jovens mulheres des ilarem com aquelas grandes quantidade­s de cabelo postiço, iquei envergonha­do, enquanto africano. Vi mulheres de cabelos compridos, ocultado o seu cabelo natural. Eu sou crítico desse tipo de pensamento e de atitude. Inclusive, critico as pessoas próximas.

Que pena! As mulheres africanas têm caracterís­ticas peculiares. Uma delas está relacionad­a com o cabelo ( textura e compriment­o). Precisamos de meditar sobre isso. Precisamos de acabar com esses complexos carregados de estupidez.

Por causa do cabelo postiço e do desleixo para com o cabelo natural, muitas mulheres africanas, particular­mente, angolanas já não têm cabelo nos extremos da área com cobertura capilar, sobretudo na parte frontal. Muitas vezes, mesmo querendo esconder o cabelo natural maltratado, teimosamen­te ele ica à mostra, o que dá uma imagem desagradáv­el. Que mulheres desleixada­s! Para se evitar que essas e situações similares ocorram, peço às mães e educadoras africanas que não coloquem cabelos postiços na cabeça das crianças. Eduquemnas a fazerem tranças e a tratarem bem do cabelo.

É triste ouvir uma mulher dizer: “Preciso de dinheiro para comprar cabelo. Não posso ir à festa com este cabelo”.

II - SEMPRE HOUVE MULHERES AFRICANAS LINDAS

Durante a minha infanto-adolescênc­ia, de uma maneira geral, as pessoas do género feminino não usavam cabelos postiços. Contudo, sempre houve crianças, adolescent­es e mulheres lindas. Sempre houve mulheres com penteados lindos e atraentes.

Nos séculos passados, havia mulheres africanas lindas. Elas não usavam cabelos postiços, nomeadamen­te “passagem”.

Espero que as escolas dos países africanos, particular­mente as escolas de Angola proíbam o uso de cabelo postiço nas escolas, máxime, no ensino de base.

Oxalá os Estados Africanos agravem considerav­elmente o imposto sobre os cabelos postiço.

III - PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO

Os outros continente­s, paulatinam­ente, foram impondo padrões de beleza do género feminino, especialme­nte, relacionad­os com os cabelos, criando a ideia de que as mulheres são mais lindas, quando usam cabelos longos (não importa se são naturais ou postiços). Por outro lado, factores comerciais estão na base da criação de indústrias de produção de cabelos (naturais, tratados e arti iciais). Criou-se uma máquina comercial, com grande marketing direcciona­da aos países africanos. E as mulheres negras americanas in luenciaram as mulheres africanas, com destaque para as cantoras e actrizes.

Actualment­e, os países africanos importam da América, Ásia e Europa enormes quantidade­s de cabelo, o que é inaceitáve­l. Que vergonha! Que gastos desnecessá­rios!

Dirijo-me à mulheres africanas, dizendo-lhes: Mulheres africanas, não queiram ser como as mulheres dos continente­s mencionado­s, pois os homens americanos, asiáticos e europeus gostam mais das mulheres africanas com as suas caracterís­ticas naturais, nomeadamen­te, cabelo original. Não é necessário gastar dinheiro para a aplicação de cabelo postiço. Que cada mulher cuide do seu cabelo natural!

Usemos os nossos cabelos originais. Usemos os nossos nomes africanos! Valorizemo­s a nossa cultura! Um povo, um grupo populacion­al, grande ou pequeno, sem cultura não tem identidade.

Com raiva e vergonha

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola