Jornal Cultura

ÁFRICA: COOPERAÇÃO

EDUCAÇÃO E DESENVOLVI­MENTO

- FRANCISCO LOPES

Odesenvolv­imento em qualquer país do mundo só é alcançado com base nos recursos humanos. Por esta razão, os governos de todo o mundo estão constantem­ente preocupado­s com a educação e formação dos seus membros.

Todo o conjunto de elementos que envolvem o processo educativo e a formação dependem das políticas e dos currículos­delineados pelo governo, tendo a primazia de determinar os objectivos a serem alcançados do curto, médio e longo prazos em função da sua realidade socio-económica, cultural e tecnológic­a.

No contexto da educação na realidade africana, é muito notória a estagnação, não há progressos signi icantes nas políticas educativas traçadas por muitos governos, não progridem para o desenvolvi­mento, o que retarda em grande medida a evolução no campo económico e social dos países.

A estagnação não aponta para a falta de preocupaçã­o pelos governos quanto a educação, mas a ausência de políticas versadas para a educação de qualidade e de aplicação de recursos suficiente­s para dirimir a exclusão escolar.

Construir escolas para todos os membros da sociedade, tendo os mesmos direitos e colocar os meios e as ferramenta­s disponívei­s na aprendizag­em, de acordo com o modelo pretendido ( formação geral e técnico-profission­al).

Narealidad­e, podemos a irmar que a maioria dos governos constroem escolas básicas, médias e universida­des, mas, não dispondo de equipament­os adequados para a aprendizag­em (biblioteca­s e laboratóri­os), resulta que os currículos concebidos possuem maior pendor teórico, faltando a parte prática e pro issional.

Não existe verdade sem a prática: a África, para o seu desenvolvi­mento, depende de um trabalho profundo dos governante­s, que devem reconhecer a educação e a formação do homem como o pilar do processo, vincularem grande parte dos orçamentos não apenas à construção de escolas, mas também à criação das ferramenta­s de uma aprendizag­em qualitativ­a.

Os factores de con litos internos por razões políticas e étnicas, bem como a falta de democratiz­ação efectiva de alguns países, continuam a ser determinan­tes na in luência negativa da educação para todos e de qualidade, a exemplo da República Centro Africana, República Democrátic­a do Congo, a Nigéria e o Burundi.

Estudos sobre a educação apontam que as crescentes ondas de violência em África e no mundo em geral são resultado de determinad­as culturas que evoluíram desde os primórdios até aos tempos actuais, sem passarem por uma fase de educação sistemátic­a; este factor aumenta a onda de descon iança quanto ao futuro do continente. Quanto maior o número de membros da sociedade que crescem fora do sistema escolar, maior é o índice de violência e do atraso no desenvolvi­mento das comunidade­s.

Combater os grupos armados igualmente com o uso de armas é outro factor de desestabil­ização dos governos do continente africano que, por esta forma, não centraliza­m os recursos na educação, sendo grande parte dos recursos utilizados para combater os rebeldes.

Como resultado, a escassez dos recursos para a educação, a dispersão das crianças e dos jovens, a destruição dos bens já existentes, colocando os governos em situações de permanente estagnação para o progresso e o desenvolvi­mento.

Para se alcançar a estabilida­de no continente e caminhar para o desenvolvi­mento, os governos devem ultrapassa­r todas as barreiras que proporcion­em a exclusão escolar, isto é, promovendo uma educação para todos e de qualidade, aplicando grande parte dos seus recursos financeiro­s neste fim.

A revisão dos currículos escolares e das políticas educativas com a criação de infra- estruturas e o processo de ensino com carácter prático e não apenas teórico é prepondera­nte para uma formação abrangente em todos os domínios da actividade humana (Agricultur­a, Indústria, Tecnologia de Informação, etc.).

A educação e a formação de recursos humanos deverá ter como finalidade a criação de condições para uma produção de bens que sustentam os países evitando assim em grande parte as importaçõe­s, necessário­s para a exportação de produtos transforma­dos internamen­te com o uso de recursos materiais ( matériapri­ma e indústrias locais).

 ??  ?? Francisco Lopes é Licenciado em História pelo ISCED-Luanda, Mestre em Gestão e Administra­ção Escolar pelo ISCE-Odivelas –Lisboa, Doutorado em Ciências Pedagógica­s pelo ICCP- Havana- Cuba.
Professor das cadeiras de História de Angola, Desenvolvi­mento...
Francisco Lopes é Licenciado em História pelo ISCED-Luanda, Mestre em Gestão e Administra­ção Escolar pelo ISCE-Odivelas –Lisboa, Doutorado em Ciências Pedagógica­s pelo ICCP- Havana- Cuba. Professor das cadeiras de História de Angola, Desenvolvi­mento...
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