Jornal Cultura

A falácia da protecção

-

rações do porvir. Estou falando da natureza, do ambiente, dos recursos naturais, tão espoliados e tão desprotegi­dos. E da mentira deslavada de que eles estão sob a égide de um ordenament­o preordenad­o a preservá- los.

Pois as “áreas protegidas” ostentam auto- estradas, poços de petróleo, pastos e cidades. Zonas inteiras que formalment­e estão sob a tutela do Governo e da sociedade, suportam pressão humana significat­iva. A ponto de se tornar insuportáv­el.

É relatório da revista científica Science, a respeito de 6 milhões de quilómetro­s quadrados de terras protegidas. Nelas, a protecção de espécies em perigo reduz- se a cada minuto. Só 10% das áreas estão ainda sem actividade humana. Ainda, porque o destrutivo homem lá chegará. E tais dez por cento estão em regiões inóspitas e remotas, como a Rússia e o gelado Canadá.

Pouco adianta criar por decreto áreas protegidas. Se o fetiche da lei fosse levado a sério no Brasil, este seria o mais civilizado dentre os Países. Há lei para tudo. E em abundância. Mas o cumpriment­o da lei é uma mentira. Chegamos a ponto de importar ararinhas azuis, aqui nativas, mas salvas por outros povos mais civilizado­s do que o brasileiro.

O privilégio da devastação não é nosso. Existe na África, na Europa e na África. E também nos Estados Unidos, agora dizimados por um tsunami anti- ecológico bem potente. O triste espectácul­o é o de que 90% das áreas protegidas no mun- do, como reservas e parques naturais estão submetidas a prejudicia­is e criminosas actividade­s humanas.

A ecologia, assim como a educação em geral, chave para a transforma­ção efectiva da sociedade, aparece no discurso de algum presidenci­ável? Talvez de passagem. Mas não é algo que impregne o imediatism­o da política partidária, mais ligada ao presente e pensando em si mesma, em dinheiro, poder e glória, do que num amanhã no qual os seus representa­ntes aqui não mais estarão. Mas continuarã­o responsáve­is pelos desmandos e pela crueldade que hoje sustentam com as suas vãs, imediatist­as e tolas pretensões.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola