A amizade são trevas diluídas
sensação enorme de felicidade, sentirmos que partilhamos a mesma dor e a mesma alegria, repetir sem nos apercebermos da mesma mágoa, vivermos os mesmos momentos ainda que longe uns dos outros. Como troncos que alicerçam a árvore que nos faz viver a longevidade de uma imensa árvore neste quintal comum, o nosso, neste sangue que lui e jorra para dentro nas veias que a vida nos concede, regados todos os dias pela milagrosa chuva que o céu maravilhoso nos oferece, que saibamos assim cumprir sem obrigações. O olhar re lecte a verdade dessa sensação, o espelho natural da nossa pele encostada como uma divindade oferecida, uma relíquia que poucos conseguirão sentir ou vivenciar, por isso vivamos, mas com felicidade, verdade, nada se consegue sem que o coração assinale e marque ou registe bem por dentro das nossas consciências, um acto de re lexão para que nos sintamos granjeados pelo divino ser que nos aprova os actos: a vida. Sabes, sinto em cada sonho esse luir noite a dentro, deitado nas coisas boas que imagino e pretendo, um sonho repetido dia após dia como que de um alimento se tratasse, uma refeição obrigatória alimentando todos os momentos em que sentimos grati icados em nós mesmos pelos actos altruístas desse sentimento natural como a terra que nos cobrirá um dia: a verdade. Sim, nem sempre perdura, nem sempre é como imaginamos ou pensamos, tantas nos desiludimos e nos sentimos feridos, tantas as desilusões que nos castram os movimentos, prendemnos tudo, a vaidade seca e por instantes desesperamos, cansamo-nos de ser, existir, pensar, fugimos das fantasias decoradas nas bermas de estradas longínquas tal a desilusão, desilusão porquê então? Há quem diga que só dói quando apostamos, quando con iamos e acreditamos, quando já nos sentimos membros dessa comunidade a dois vivenciando todos os dias e con idenciando sempre, sim, tudo se dilui como trevas cansadas e o peso que sentimos sobre a alma, o olhar estarrecido e poisado num além que não existe, o olhar fecha-se diante de um dia ensolarado e belo. Queria acreditar na sua presença sempre, mas nem sempre isso acontece, ela é tão volátil como o éter das enfermarias, vai-se.