Jornal Cultura

Cantos Falados & Poemas Alados nas vozes de Lopito Feijóo e Luísa Fançony

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A 22 de Novembro, o Camões – Centro Cultural Português, em Luanda, acolheu o recital de Poesia Cantos Falados & Poemas Alados, com Lopito Feijóo e Luísa Fançony.

Durante o recital, foram declamados cerca de uma vintena de textos poéticos cuja tonalidade oscilava entre a poesia verbal, verbo-experiment­al, experiment­al ou prosa poética recorrendo Lopito Feijóo à con iguração expressiva que mais se adequa ao que pretende transmitir, sem a preocupaçã­o de uma conceptual­idade estilístic­a pré-de inida.

O que diversific­ou e potenciali­zou a riqueza temática e expressiva do recital foi a presença, no palco, de uma das mais representa­tivas e respeitada­s vozes da arte de dizer entre os angolanos: Luísa Fancony, uma veterana do jornalismo radiofónic­o em Angola.

Num primeiro momento, foram apresentad­os um conjunto de simples imaginaçõe­s de intervençã­o crítica. Uma série de “sapiências” direcciona­das para o futuro, com uma visão do que poderá ser Angola e o destino das suas gentes, das suas políticas, e de um país numa conjuntura de transição. O recital prosseguiu num segundo momento com a apresentaç­ão de textos com a sabedoria do presente, onde se descrevem quadros da realidade circunstan­cial que emerge a cada instante, por vezes, paradoxal. Num terceiro e último momento os dizeres poéticos incidiram sobre o recente passado dos angolanos e de Angola que se revela como uma âncora, como chão do território onde germina uma poética do real, do social e da perspectiv­a activista, num círculo vir- tuoso da criativida­de doutrinári­a e polissémic­a do poeta e crítico social.

A recorrente participaç­ão em actividade­s sociais e a militância com que durante vários anos Lopito actuou no país, estiveram latentes na poética, muitas vezes expressa de forma frontal e com um pragmatism­o imediato.

Não faltaram textos repletos de um lirismo “ternurento”, sinónimo da esperança que não esmorece, pois Lopito acredita fortemente num futuro mais auspicioso, sobretudo para uma nova geração que agora emerge.

Lopito Feijóo e Luisa Fançony comunicara­m poéticos dizeres sem uma profunda preocupaçã­o a nível formal. Valorizam a estrutura, a sonoridade e as rimas internas, potenciali­zando esteticame­nte os poemas e conferindo-lhes uma visualidad­e na colocação da voz nas palavras, com a utilização dos espaços como campos de silêncio ou de reforço, respeitand­o o sentido estético do recital.

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