Jornal Cultura

Ossos do Ofício, de António Ole

Com a criativida­de de “Ossos do Ofício”, António Ole presta uma homenagem à memória dos que já partiram, porque “os mortos desaparece­m, mas renascem na nossa memória.”

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Nomes como os de Ruy Duarte de Carvalho, Herberto Hélder e José Rodrigues constam da homenagem feita pelo artista plástico António Ole, na sua mais recente exposição individual “Ossos do O ício”, inaugurada dia 27 de Novembro, no Camões, em Luanda, e aberta ao público até ao dia 19 de Janeiro de 2019.

O artista reuniu um conjunto de 50 obras de expressões diversi icadas, designadam­ente de pintura, fotogra ia e instalação, na grande maioria inéditas, em que faz alusão ao meio século de carreira artística que tem vindo a desenvolve­r. “É inevitável que, ao chegar a este patamar, mais de cinquenta anos a trabalhar em artes visuais, me ocorra agora rever algumas aventuras recentes, outras mais antigas, embora isso não faça parte da minha praxis habitual.

Detenho-me pouco a olhar para trás”, revela. O artista refere ainda que ao longo do tempo tem encontrado essa ligação íntima entre a realidade e a matriz poética que lhe dá “alimento”, que lhe dá “cimento”. “A arte, às vezes, também se faz a partir de quase nada, daquilo que se pressente apenas”, aponta.

O artista disse que, para apresentar essa exposição, foi necessário “um labor criativo que prossegue com o mesmo espírito experiment­al e literário, pela pintura, pela fotogra ia, pela escultura e pela instalação que ao longo de um percurso eclético e multidisci­plinar de mais de meio século de encantamen­to e perturbaçã­o no mundo da arte”.

Questionad­o quanto aos demais projectos, o artista disse que existem várias ideias e iniciativa­s para prossecuçã­o dos mesmos, mas estão condiciona­dos face ao momento de recessão económica que o país atravessa de uma maneira geral. Assim como a pintura, projectos ao nível da cinematogr­a ia também icam em “stand by”, pelas mesmas razões, pois, como considerou, o cinema é um produto caro que requer inanciamen­tos, de manei- ra a que o resultado inal seja de qualidade e apreciado pelo público. A directora do espaço, Teresa Mateus, salientou ser uma grande honra e privilégio para o Camões acolher mais uma exposição de António Ole, não só pela excelência no trabalho, mas também, pela elevação e sentido de solidaried­ade e humanidade que caracteriz­a o seu per il pessoal.

António Ole nasceu em Luanda, em 1951. Estudou Cultura Afro- Americana e Cinema na UCLA (University of Califórnia, Los Angeles). É diplomado pelo Center for Advanced Film Studies no American Film Institute, Los Angeles. Foi bolseiro em 1983/84 da Gulf Foundation nos EUA e em 1995/96 do Centro Nacional de Cultura em Lisboa, tendo sido igualmente bene iciário de uma bolsa do Prince Claus Fund, the Hague, Bolsa DAAD, Berlim (Alemanha).

Entre vários trabalhos apresentad­os, António Ole, tem tido resultados positivos que o levaram a participar em várias exposições individuai­s, colectivas bem como tem participaç­ões em colecções, assim como na sétima arte o que lhe mereceu prémios nacionais e internacio­nais com realce para o Prémio Nacional de Cultura e Artes (2004) em Luanda. Estudou Cultura Afro-Americana e Cinema na Ucla (University of Califórnia, Los Angeles). É diplomado pelo Center for Advanced Film Studies, no American Film Institute, Los Angels.

Os homenagead­os

Ruy Duarte de Carvalho foi um escritor, cineasta e antropólog­o angolano, falecido a 12 de Agosto de 2010. Já Herberto Hélder foi um poeta português, nascido no Funchal e que faleceu a 23 de Março de 2015. Ao passo que José Rodrigues notabilizo­u-se nas artes plásticas, tendo nascido nos bairro dos Coqueiros em Luanda, e faleceu na cidade do Porto (Portugal), a 10 de Setembro de 2016.

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António Ole e Teresa Mateus, no Camões

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