A “mitografria do prefácio” e o texto sobre “Mahamba”
já havia sido cogitando por alguns ciclos de leitores e literatos aquando das observações sobre a obra. Ora, se na matéria do Cultura, ica bem claro que “o leitor busca num livro, em primeira mão, o discurso do seu autor, não o do autor do prefácio”, subentende-se que o prefácio deve andar em concordância com o conteúdo da obra e não andar em sentido contrário ou, pior, numa faixa inexistente para o livro, de modos que não se incorra na possibilidade de se cogitar que tal prefaciador elaborou o texto sem ter lido, sequer, o livro.
Pela sua essência, prefácio é a nota introdutória de uma obra, isto é, um convite à leitura para que o leitor tenha uma ideia, ou crie expectativas sobre a leitura que se seguirá.É uma espécie de vitrina do livro, que pode provocar ou aumentar o interesse pela leitura. Sendo assim, e voltando às observações sobre a obra de Fernando Carlos, pode-se mesmo a irmar que KizuaGourgel peca precisamente por não falar sobre a obra em momento algum do seu prefácio, por desconhecer, quiçá, a essência de um prefácio. E ainda que não tenha sido o caso, a maior responsabilidade, sobre a referida incoerência, cabe mesmo à editora, pois é quem deve fazer o trabalho de iltrar os componentes da obra, reconhecendo o que deve ou não estar no produto inal.
Tal como um prefácio, uma matéria que tende a apresentar um resumo sobre um livro, deve passar a ideia mais próxima daquilo que o livro realmente traz, para tal, quem tiver que a elaborar, deverá, em primeira instância, fazer uma leitura minuciosa sobre o mesmo, para que, como acima referido, ande no mesmo sentido do conteúdo do livro, nem na contramão, nem numa faixa inexistente. Ora, a matéria sobre a obra vencedora do António Jacinto 2018, que coube à edição 175 do referido jornal, o seu conteúdo oferece um enorme contraste com tudo o que se conhece da exigência do jornal, pois permitiu que tal texto fosse publicado como está. Ao contrário do sucedido na edição anterior, um texto bem elaborado, um resumo atraente sobre a obra e, de bónus, a chamada de atenção sobre o prefácio, o texto sobre o Mahamba pouco ou nada fala sobre a obra, sendo que se nota claramente que muito do conteúdo foi retirado em ipsislitterisdo que já havia sido produzido nalguma outra plataforma informativa. Por outro lado, é notabilíssimo o facto de que quem produziu tal texto não leu a obra com o devido rigor, ou não tenha lido sequer, pois a irma, erroneamente, que, primeiro, o livro tem dez contos, quando tem apenas nove e, segundo, o trecho que traz na contracapa faz parte do prefácio, quando se trata apenas de um texto isolado que nem sequer faz parte do conteúdo do livro, algo que se vê antecedido de uma outra incoerência gravíssima:a troca do nome do prefaciador.
Pelo crédito que tem o Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras é imperioso que se evite, ao máximo, descalabros como os vistos na edição 175 sobre a obraMahamba, por sinal a vencedora do prémio literário António Jacinto, edição 2018, pois, vale referir uma vez mais, este jornal tem sido uma das principais fontes de informação cultural para um bom quinhão da sociedade jovem, cultores e não só, e ao passar uma informação distorcida, ao invés de cumprir o papel que tão bem vem cumprindo, ao longo dos anos, que é de informar e, pode-se mesmo dizer, instruir, poderá estar a fazer precisamente o oposto ou, como acima referido, a andar numa faixa inexistente, que,neste caso, não será para o bem da arte,da cultura e, tampouco, para o reconhecimento dos seus activistas.
Luanda, 10 de Dezembro de 2018 (Editor da revista Palavra&Arte)