Escritas & Correntes D’escritas
dias, proceder ao lançamento de mais de quarenta títulos de livros inéditos. Os anúncios e entrega de prémios marcaram a abertura e o encerramento das Correntes, respectivamente, no majestoso Casino da Póvoa e no renovado Cine-Teatro local.
A a irmação, con irmação e a consagração de eloquentes escritores, utentes da língua portuguesa e não só, re lectiram-se na sublimação dos corredores das Galerias Euracini e da sala Principal do Cine-Teatro Garrett, dia após dia, quase que rebentando pelas costuras, tal era a inimaginável presença da comunidade poveira que logo pela manhã lá se ia posicionando em ilas de acesso ao auditório e outros úteis espaços.
Angola apresentou-se sempre com autores de elevado prestígio e representatividade. Nesta edição, celebrando também a palavra, o destaque angolano vai para a nossa ilustre «mana mais velha» Ana Paula Tavares que, por razões obvias, há muito não passava por ali. A sua presença agora foi também veloz e supersónica por razões académico-laborais. Destaque também para o nosso «puto mais novo». O Ondjaki é um dos novos angolanos, respeitados e respeitadores que, mesmo desconhecendo o facto, tem sabido nos ensinar a gostar dele como pessoa e da sua já considerável bibliogra ia enquanto autor. É mesmo um movimentado e sublime poeta «à maneira mangolê» que tão bem fabrica versos nas o icinas da sua polida prosa.
Também a africana presença de Cabo Verde foi de realce. Jorge Carlos Fonseca, enquanto presidente em exercício da CPLP, procedeu a conferência de abertura do evento, na presença do afectuoso cidadão e presi- dente português Marcelo Rebelo de Sousa. O também presidente de Cabo Verde, publicamente re lectiu fazendo profundas incursões em torno de um tema que não raras vezes referenciámos pois é fundamental pensarmos e discutirmos, em permanência, questões ligadas à mobilidade e circulação dos cidadãos e principalmente dos artistas no seio da Comunidade. Na pele de um verdadeiro e profundo amante das belas letras, o presidente cabo-verdiano puxou, retirou e ensacou a sua gravata de pura seda, também, entre alguns, conhecida como sendo a mais célebre coleira social. Em grau de paridade, descomplexadamente conversando e trocando experiências com outros em igualdade de circunstâncias, circulando sem cerimónias pelos corredores e salas de refeições, servindo-se, comendo e bebendo como os demais, prosseguiu participando do festival, sendo um dos quarenta autores que ali apresentaram os seus mais recentes títulos de poesia, convenientemente aplaudidos e celebrados. Vimo-lo como um exemplo de «Homem» académico e político culto. Homens destes é que bem merece o «subatrasado» continente berço das «palhaciçes».
O presidente da República. O ministro da Cultura, Abrão Vicente, também na condição de autor/escritor e mais dois outros, o Arménio Vieira e o Germano Almeida, ambos laureados com o Prémio Camões, estavam ali prestigiando-se, prestigiando Cabo Verde, prestigiando a África e prestigiando o próprio festival, com a sua presença. Acreditamos que dali não saíram, nem mais gordos, nem mais magros. Saíram sim, muito mais cultos, experientes e motivados, tal como todos os outros partici-