Jornal Cultura

Cânone literário americano

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oni Morrison tem sido chamada de "a maior cronista da experiênci­a americana que já conhecemos", mestre que escreve em "prosa luminosa e encantatór­ia que se assemelha à de nenhum outro escritor em inglês".

Por que Morrison é considerad­a uma igura tão importante no mundo literário e na cultura americana? Que impacto tem o seu trabalho como escritora e editora no mundo?

Os livros de Morrison fazem parte do currículo de inglês em escolas secundária­s em todo o país. Para muitos, o seu trabalho é considerad­o parte integrante do cânone literário americano e, particular­mente, do cânone literário negro-americano. Mas, como observa o The Washington Post, o seu trabalho também foi desa iado, com algumas escolas e políticos procurando proibir livros como "Amada".

O crítico Wesley Morris, do Times, escreve sobre o que o autor signi icou para ele e para sua família num ensaio intitulado “Toni Morrison Me Ensinou a Pensar”:

Você precisa de ser capaz de ler para poder ler. Especialme­nte se Toni Morrison produziu a escrita. Eu pelo menos pensei que sabia o que era para os meus olhos navegarem através de uma página, através de uma descrição ou uma façanha de caracteriz­ação. Aos 11 anos, pensei em ler. Então eu li Morrison. A minha mãe me disse que eu não estava pronto. Não para Toni. Minha tia Katie pegou o meu olho de menino na sua nova e grande cópia de "Amada" e me disse: Isso é para pessoas adultas . Eu tentei mesmo assim. Então Toni parecia me dizer: Toda a leitura que você fez antes? Isso não vai contar. Você tem que me ler . Ela ia nos pôr a trabalhar, não como uma tarefa, não para nos curar, mas porque a escrita é uma arte e o leitor deveria ter um pouco de arte própria.

Tracy K. Smith escreveu na seção Times Opinion, do New York Times: “Eu não acredito que haja um escritor que entenda melhor a América e a ame com mais ferocidade do que Toni Morrison”. Ela elucida alguma das questões essenciais que o trabalho de Morrison propõe para todos nós:

A vida negra é a tela do corpo de trabalho de Morrison. Ela produz as condições e os personagen­s que a fascinaram como artista. Mas acredito que o assunto dela é a América, este lugar fundado em con litos e impulsiona­do pela necessidad­e de de inir um grupo contra outro. A sua obra questiona: quem somos nós? O que construímo­s e destruimos juntos? O que signi ica considerar o outro profundame­nte, humildemen­te, esperanços­amente? E quais são as consequênc­ias para a nossa recusa de considerar o outro? Nos romances e ensaios de Morrison, essas questões operam nos espaços íntimos - em famílias, amizades, casamentos - que servem para determinar os termos do nosso envolvimen­to com o mundo em geral. E o inverso também é verdadeiro: os termos do mundo mais amplo se in iltram inevitavel­mente nas regiões mais privadas de nossas vidas.

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