Toni Morrison:
força visionária e poesia
Aescritora norte-americana Toni Morrison morreu no passado dia 5 de Agosto, aos 88 anos. Comprometida com a luta contra a discriminação racial, Morrison foi a primeira afro-americana a receber o Prémio Nobel da Literatura, em 1993. A academia sueca baseou sua decisão em conceder-lhe o prémio no facto de que "com sua arte narrativa impregnada de força visionária e poesia, ela oferece uma pintura viva de um aspecto essencial da realidade americana".
Desde o primeiro romance em 1970, a escritora dá voz a personagens negras, em narrativas trágicas que abordam o racismo, interiorizando a identidade afro-americana, nos Estados Unidos.
Baptizado como Chloe Anthony Wofford, nasceu numa família humilde. Filha de um operário e de uma dona de casa, ela mesma trabalhou como empregada doméstica na adolescência. Em seguida, formou-se em Filologia Inglesa e trabalhou como editora da Random House em Nova Iorque. Foi quando publicou o primeiro romance e criou o seu novo nome, recuperando o apelido que lhe davam na família e adoptando o sobrenome de seu ex-marido: Toni Morrison.
Morrison passou marcou a história da literatura não apenas por ter sido a primeira mulher negra a receber o Prémio Nobel, mas também pelo Prémio Nacional da Crítica pelo romance Song of Solomon (1977), o Pulitzer
com Jazz (1992) e ao tornar-se membro da Academia Americana de Artes e Letras e do National Arts Council.
Os romances de Morrison são considerados um relato da história sociopolítica dos afro-americanos e a das influências recíprocas entre eles e o resto da sociedade. “O que eu faço é remover os curativos para que a cicatriz seja vista, a realidade. Não devemos ter medo de olhar para o passado porque só assim sabemos quem somos”.
Ele começou a publicar em 1970, com 39 anos. Após a estreia tardia, com O olho mais azul, a escritora não parou mais. O Nobel foi como uma faísca que iluminou seu lado mais criativo, porque, desde então, Morrison não parou de explorar novas formas de escrever, de investigar os rastos da História e de dialogar com os leitores.
Morrison foi a primeira afro-americana a receber o Prémio Nobel da Literatura, em 1993.