A originalidade de ser actor
Dizer que conheci Orlando Sérgio em 2003 no Elinga Teatro, numa formação de actores orientada por ele. Conheci o seu percurso como actor em Angola, Portugal, e como um dos grandes precursores, juntamente com Mena Abrantes, do grupo de teatro da faculdade de Medicina, Xilenga, que mais tarde veio se chamar Elinga Teatro, e descobri que estava diante de uma figura eminente do teatro e da cultura angolana. No final da formação convidou-me a fazer parte do seu projecto contador de estórias e da montagem do espetáculo teatral “Guerra é Guerra”, de Rafael Marques. Desde ai tive a oportunidade de trabalhar e contracenar com esta grande figura do teatro angora lano e internacional, que marcou realmente a minha carreira como artista e como actor.
Primeiro pelo seu carácter humanista, pessoa de trato fácil, sempre disposta em fazer o bem, levando a vida de forma artística, desportiva, aberta, e sobretudo alegre e honesta, acreditando sempre nas pessoas e no futuro melhor para os angolanos , para artes e cultura.
Segundo pela forma como se doa ao teatro: um verdadeiro artista, guerreiro, herói, que se doa ao teatro de corpo, alma, inteligência, toda sua vida, para se expressar, comunicar com a sociedade, para fazer do teatro um modo de vida, um meio onde as pessoas podem profissionalizar-se, trabalhar, sobreviver ,viver e acreditar nos seus sonhos.
Terceiro. Pela autenticidade dos seus trabalhos e organicidade do seus personagens, sua forma e facilidade de construir personagens chama atenção a quem verdadeiramente deseja ser actor. Seus personagens são verdadeiramente um meio de aprendizagem, inspira-nos e leva a acreditar na célebre frase do grande maestro do teatro Konstantin Stanislavski: “o teatro é uma outra realidade dotada de característica particular, onde a mais pura mentira tem de se converter em verdade para ser arte”.