Jornal Cultura

A gala dos Picantes

- Gaspar Micolo

Numa conquista inédita, os Picantes do Humabo tornaram-se nos mais "Queridos de Angola". Os jovens Agostinho Carlos “Moroty”, Agostinho Epalanga “Chefe Escorrega”, Chikilson e Albino Hossi “Jobiloy” garantiram finalmente o título à província do Huambo, que já esteve, em duas ocasiões, com os músicos Justino Handanga e Bessa Teixeira, na posição de segundo lugar. Em entrevista ao Jornal Cultura, o grupo revela as dificuldad­es por que passou para chegar à ribalta. Há ainda o emocionant­e retrato de como se sacrificar­am para colocar no mercado os dois primeiros álbuns do quarteto. Chama-nos a atenção, entretanto, o facto de os artistas revelarem que, tendo começado pelo Kuduro, enveredara­m para o sugerido estilo "Afro-house tradiciona­l", considerad­o a sua bandeira, já que dizem ser os primeiros a fazê-lo. Dizem também que, afinal, se trata de uma música que congrega quase todos os estilos como semba, kuduro, kilapanga, sungurra, house e outros num só ritmo. Agora, com esta distinção, é justo que acompanhem­os o referido estilo e as nossas rádios locais possam cada vez mais explorar o que é produzido fora de Luanda. As estações massacramn­os com músicas encomendad­as. Torturam-nos até que lhes ganhemos o gosto. E por isso fica-se com a impressão de que fora de Luanda não se está a apostar na música com a criativida­de necessária. Ou ainda, puro ledo engano, que não se aproveita a beleza musical das nossas línguas, como o umbundu. Para dignificar a vitória do quarteto do Huambo, e ainda para mostrar que há um país que acontece fora de Luanda, a sugestão do director do gabinete Provincial da Cultura, Juventude e Desporto, Jeremias Piedade Tchissanga, nos parece a mais acertada: levar a próxima gala do concurso Top dos Mais Queridos, em 2022, ao Huambo, para que o troféu seja entregue ao próximo vencedor como uma passagem de testemunho. Seria uma forma justa de homenagear a cidade dos jovens artistas que mostraram afinal ser possível que o prémio saia da elite de Luanda e vá para o musseque. Para o musseque de várias cidades do país, onde jovens criativos se dedicam à música que, infelizmen­te, não nos chega facilmente aos ouvidos.

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