CARLOS PEDRO
A Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA) assinala a 21 deste mês mais um aniversário. Na verdade, quando é que ela surge?
As brigadas surgiram de forma aleatória como movimento nos anos 80. Só em 1987 é que se decidiu juntar todas as brigadas em assembleia, com fito de formar a Brigada Jovem de Literatura de Angola, tendo sido eleito na altura Conceição Cristóvão como o primeiro secretário. Se a memoria não me falha Conceição Cristóvão deixa os destinos da associação em 1992. A partir desta data, há um grupo que assegura a agremiação até 2020.
Até 2020? É muito tempo…
Sim, mas é um assunto que já está ultrapassado. Porque de acordo com os nossos estatutos, de dois em dois anos, deve-se se realizar assembleia para a renovação de mandatos e dar liberdade aos membros que quiserem concorrer trazendo ideias inovadoras e rejuvenescimento ao projecto.
Mas voltando ao assunto do mandato; tinha sido empossado um outro membro como presidente. O que se passou de concreto?
No ano passado, devido a monotonia na brigada um grupo de membros foi pressionado e marcou-se uma assembleia para o dia 15 de Agosto de 2020. Como as coisas não estavam bem organizados, neste mesmo dia entendeu-se criar uma comissão de gestão composta por 10 pessoas na qual eu também tinha sido indicado, enquanto os outros se auto-candidataram-se. Essa comissão de gestão trabalhou de Agosto até Novembro do mesmo ano.
E a partir desta o assunto ficou resolvido?
Não. Depois de 15 de Agosto, dia marcado para a realização da assembleia, os critérios não estavam claros. A situação desencadeou uma discordância que originou um conflito entre o presidente cessante e o secretário da mesa de assembleia-geral, aliás, foi um assunto de domínio público. Um deles queria que a assembleia se realizasse, mas o outro não. Foi então que se decidiu transformar a BLJA em comissão de gestão de 10 pessoas e convocar para dia 21 para melhor organização. Depois de criada, alguns membros apareciam aos encontros e outros não.
E de que forma assume o cadeirão máximo da BJLA?
Eu fui indicado pelo Kudijimbe para integrar. E fui dedicando-me juntamente com o
Avó Ngola, entre outros, e criei toda a documentação para a realização e a comissão eleitoral que foi eleita no quadro do grupo das
10 pessoas. Criamos todos os documentos inerentes para a assembleia e da comissão eleitoral. Um dizia que era coordenador e outro também. Como tínhamos um foco e para evitar outras situações os dois ficaram a coordenar. Na altura, a comissão de gestão havia aprovado a comissão eleitoral, houve uma directiva que foi para todas as delegações provinciais a dizer os moldes de que cada província podia participar com cinco membros e em Luanda seriam 80 membros. Faltando algumas semanas, alguém decide invocar a ideia de que a assembleia não pode ser realizada porque alguns membros estavam a contestar. E que se não participassem iriam impugnar o acto.
Mas não deviam se basear num estatuto?
O estatuto que a BJLA sempre teve era um rascunho dactilografado. Aliás, eram dois estatutos. Um dizia uma coisa e outro dizia outra coisa, nenhum deles reconhecido pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Por isso, é que a BJLA ficou mais de 20 anos em letargia por causa de tentativas fracassadas. Mas na altura, eu já havia remetido a minha candidatura à comissão eleitoral e era a única porque ninguém tinha manifestado essa intenção. Aliás, a comissão eleitoral tinha realizado uma conferência de imprensa a anunciar a abertura das candidaturas. Na altura a escritora Kanguimbo Ananás era a vice-presidente da comissão eleitoral delegada pelo presidente que era o Conceição Cristóvão. Depois do anúncio, ninguém se mostrou disponível para concorrer. Mas eu já era candidato e já tinha sido aprovado. A partir daquela altura deixei de participar na comissão de gestão. E foi nestes moldes que acabei eleito.