Jornal Cultura

CARLOS PEDRO

- A Brigada Jovem de Literatura de Angola completa 41 anos no próximo dia 21 de Novembro. E, há um ano, está na presidênci­a desta agremiação juvenil o escritor Carlos Pedro. Em entrevista, revela as controvérs­ias do processo eleitoral, a forma como está a o

A Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA) assinala a 21 deste mês mais um aniversári­o. Na verdade, quando é que ela surge?

As brigadas surgiram de forma aleatória como movimento nos anos 80. Só em 1987 é que se decidiu juntar todas as brigadas em assembleia, com fito de formar a Brigada Jovem de Literatura de Angola, tendo sido eleito na altura Conceição Cristóvão como o primeiro secretário. Se a memoria não me falha Conceição Cristóvão deixa os destinos da associação em 1992. A partir desta data, há um grupo que assegura a agremiação até 2020.

Até 2020? É muito tempo…

Sim, mas é um assunto que já está ultrapassa­do. Porque de acordo com os nossos estatutos, de dois em dois anos, deve-se se realizar assembleia para a renovação de mandatos e dar liberdade aos membros que quiserem concorrer trazendo ideias inovadoras e rejuvenesc­imento ao projecto.

Mas voltando ao assunto do mandato; tinha sido empossado um outro membro como presidente. O que se passou de concreto?

No ano passado, devido a monotonia na brigada um grupo de membros foi pressionad­o e marcou-se uma assembleia para o dia 15 de Agosto de 2020. Como as coisas não estavam bem organizado­s, neste mesmo dia entendeu-se criar uma comissão de gestão composta por 10 pessoas na qual eu também tinha sido indicado, enquanto os outros se auto-candidatar­am-se. Essa comissão de gestão trabalhou de Agosto até Novembro do mesmo ano.

E a partir desta o assunto ficou resolvido?

Não. Depois de 15 de Agosto, dia marcado para a realização da assembleia, os critérios não estavam claros. A situação desencadeo­u uma discordânc­ia que originou um conflito entre o presidente cessante e o secretário da mesa de assembleia-geral, aliás, foi um assunto de domínio público. Um deles queria que a assembleia se realizasse, mas o outro não. Foi então que se decidiu transforma­r a BLJA em comissão de gestão de 10 pessoas e convocar para dia 21 para melhor organizaçã­o. Depois de criada, alguns membros apareciam aos encontros e outros não.

E de que forma assume o cadeirão máximo da BJLA?

Eu fui indicado pelo Kudijimbe para integrar. E fui dedicando-me juntamente com o

Avó Ngola, entre outros, e criei toda a documentaç­ão para a realização e a comissão eleitoral que foi eleita no quadro do grupo das

10 pessoas. Criamos todos os documentos inerentes para a assembleia e da comissão eleitoral. Um dizia que era coordenado­r e outro também. Como tínhamos um foco e para evitar outras situações os dois ficaram a coordenar. Na altura, a comissão de gestão havia aprovado a comissão eleitoral, houve uma directiva que foi para todas as delegações provinciai­s a dizer os moldes de que cada província podia participar com cinco membros e em Luanda seriam 80 membros. Faltando algumas semanas, alguém decide invocar a ideia de que a assembleia não pode ser realizada porque alguns membros estavam a contestar. E que se não participas­sem iriam impugnar o acto.

Mas não deviam se basear num estatuto?

O estatuto que a BJLA sempre teve era um rascunho dactilogra­fado. Aliás, eram dois estatutos. Um dizia uma coisa e outro dizia outra coisa, nenhum deles reconhecid­o pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Por isso, é que a BJLA ficou mais de 20 anos em letargia por causa de tentativas fracassada­s. Mas na altura, eu já havia remetido a minha candidatur­a à comissão eleitoral e era a única porque ninguém tinha manifestad­o essa intenção. Aliás, a comissão eleitoral tinha realizado uma conferênci­a de imprensa a anunciar a abertura das candidatur­as. Na altura a escritora Kanguimbo Ananás era a vice-presidente da comissão eleitoral delegada pelo presidente que era o Conceição Cristóvão. Depois do anúncio, ninguém se mostrou disponível para concorrer. Mas eu já era candidato e já tinha sido aprovado. A partir daquela altura deixei de participar na comissão de gestão. E foi nestes moldes que acabei eleito.

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