Jornal Cultura

Uma longevidad­e na nossa literatura

- Gaspar Micolo

É a história de vida de um homem que se confunde com a do seu país. Nascido na cidade do Huambo a 4 de Novembro de 1941, Manuel Rui Monteiro, hoje aos 80 anos, é um homem que sabe aproveitar as vivências de determinad­os períodos históricos, ora para perpetuar a memória ora para lhes dar o seu olhar actual, como bem faz nas suas crónicas. Ainda bastante produtivo, o homem dedica-se há décadas ao labor da palavra em diferentes frentes, como o romance, o conto, e a crónica. E, como jurista, está assinalado nas páginas da História contemporâ­nea de Angola como aquele que, entre outros desafios, empenhou-se na feitura da arquitectu­ra jurídica da jovem nação independen­te, concretame­nte da sua primeira Constituiç­ão, da Proclamaçã­o da Independên­cia e dos símbolos do novo Estado. São várias as dimensões deste homem que viveu diversas fases da história do país aqui revisitada­s nos textos de Aníbal Ifuquieto de Carvalho, Fernando de Oliveira, Kaio Carmona, Luís Fernando e Matadi Makola. Conta ainda com depoimento­s de Ana Clara Guerra Marques, Dom Zacarias Kamuenho Miraldina Jamba e Francisco Furtado. A vitalidade deste homem de cultura foi testemunha­da na semana do seu aniversári­o com o lançamento, em Luanda, de dois novos trabalhos de ficção, o romance “O Benguelens­e Boxeur” e o livro de contos “Tio Jorge e outros quês”. Uma das vozes mais importante­s da literatura angolana, e que desempenho­u um importante papel na luta contra o colonialis­mo, tendo assumido funções no governo de transição do pósindepen­dência, Manuel Rui é assim o destaque desta edição, que justamente sai um dia antes da nossa Independên­cia, no mesmo mês do escriba homenagead­o. Enquanto activista cultural da Casa dos Estudantes do Império (CEI), em Lisboa, participou em acontecime­ntos literários e políticos, tendo sido preso por dois meses em Portugal. E por isso mesmo, nunca esqueceu as ideias fundamenta­is da liberdade, do respeito pelas liberdades de

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