Um olhar sobre a História do Bairro Mubungo no Município do Dande em Caxito
Localização Geográfica do Bairro Mubungo1: o Bairro Mubungo localiza-se na Comuna de Caxito, Município do Dande, com os seguintes limites geográficos: Norte, Kitonho e Kimaria; Sul, Kijoão Mendes; Este, Bambuca, e Oeste, Riceno.
De acordo com Rafael Fernandes da Silva, a maior parte da população de Caxito é originária da zona do Icau, região de Quilengues, que para o Dande ao longo dos anos se deslocou na tentativa de melhorar as condições de vida ao lado daqueles que vinham caçar e se instalavam adoptando o comércio do que produziam ou caçavam.
Não se sabe ao certo a origem do nome do bairro Mubungo mas, de acordo com a nossa entrevistada, Srª. Luísa Gouveia Leite, de 88 anos de idade, de quem se diz ser filha do fundador do bairro, a origem do nome Mubungo (mbungu) surge devido a corneta2 do senhor Mbungu wa Kamuenda, que usava para chamar o povo para se sentarem e reunirem por baixo do imbondeiro e se informar os moradores sobre questões importantes como por exemplo a vacinação das crianças, pagamento de impostos, cerimónias tradicionais, contribuições, etc.
Entretanto, de acordo com o Sr. António Domingos, este bairro e arredores, era todo coberto de árvores e de capim, ou seja, uma mata enorme que era frequentada por vários caçadores que matavam muitos animais para aproveitarem a sua carne para alimento e comércio.
Outros dados vieram do Sr. Francisco Rafael da Silva, de 60 anos de idade, que nos revelou, confirmando a informação anterior, que o senhor Miguel Gouveia Leite3, foi o fundador do bairro Mubungo pois instalou-se na região e foi formando a sua família. Desta forma a primeira família do bairro é a família Gouveia Leite, considerados como donos e fundadores do bairro mas que hoje podem ser encontrados enquadrados em distintas actividades económicas, culturais, políticas, sociais, académicas, etc., dando o seu contributo para o crescimento de Angola. Quer isso dizer que o bairro terá sido fundado por uma família da mesma linhagem, aliás, isso é praticamente comum e, com o tempo,
Mubungo, do original Mbungo = corneta, que se utilizava para convocar as pessoas para reuniões de informação importante como por exemplo a vacinação das crianças, pagamento de impostos, cerimónias tradicionais, contribuições, etc.
Na língua quimbundo significa Mbungo.
De notar que, fazendo uma retrospectiva errada, na primeira fase entendemos que se tratava de um português quando afinal era um negro da região que, segundo o Sr. Francisco Rafael da Silva, era da zona do Icau, região de Quilengues na actual Província do Bengo. (Existe um município de Quilengues na Província Huíla). A Antroponímia nos daria interessantes informações sobre as pessoas nessa região onde dificilmente se encontra alguém com nome africano. Nós diremos que uma das causas é o longo e influente contacto com os portugueses.
FIRMINO, Homero, Desenvolvimento Rural, Editora: Estudos e Ensaios, p.8
SILVA,DIOGO Fernado, A Mão de Obra Rural no Mercado de Trabalho de Angola,p.50 foram surgindo outros moradores vindos de outras partes da província como Nambuangongo, Úcua, triângulo dos Ndembus, ou seja, Quibaxi, Mpangu Aluquém e Bula Atumba . É evidente que há residentes vindos de outras províncias e havendo tais grupos étnicos que se foram integrando, o predominante é o
Mbundo, falantes do kimbundo.
A PRESENÇA PORTUGUESA
Os primeiros portugueses que teriam aí surgido estavam motivados por actividades comerciais e de produção agrícola diversificada. Francisco Rafael da Silva, um bairrista do Mubungo, afirmou que entre os seus habitantes, existia contacto fácil com os brancos, isto devido à proximidade que o bairro tinha com a vila de Caxito que ia crescendo, o que facilitava a comercialização dos produtos.
Entretanto, essa forma de relacionamento com os brancos também foi uma maneira estratégica dos autóctones sobreviverem e manter alguma segurança social já que pairava sempre a ameaça dos comerciantes que tinham “grandes” lojas e vezes sem conta envenenavam a comida para matar os nativos quando se sentissem ameaçados.
O Sr. Francisco Rafael da Silva acrescenta ainda que num quadro de benefício de bens incluindo o álcool, muitos nativos colaboravam com os portugueses, a quem passavam informações confidenciais sobre o descontentamento dos nativos que se manifestava com actos e meios afins para expulsar os brancos.
Com efeito, à medida que o sistema colonial se foi implantando houve uma forte resistência por parte dos moradores do bairro quanto à presença portuguesa
A maior parte da população de Caxito é originária da zona do Icau, região de Quilengues, que para o Dande ao longo dos anos se deslocou