Os projectos de Angola que se destacam
Há um projecto angolano?
De Angola já participamos com formação doutoral de mais de 165, em vários domínios, como engenharia, ciência, em convénio com a Unesco, no abrigo do Plano Nacional de Desenvolvimento. Esse projecto já está em curso, aprovado a todos os níveis, avaliado em 50 milhões de dólares. São portas abertas para as universidades angolanas em estabelecer parcerias com as grandes universidades mundiais, através do instituto da Unesco vocacionado para tal. Igualmente temos o projecto da corrente fria de Benguela, com África do Sul e a Namíbia. É um projecto de pesquisa científica e Angola já tem material para isso. Angola está a participar também na iniciativa sobre um estudo profundo a vulnerabilidade costeira, a ver com a influência das mudanças climáticas, o futuro das comunidades que vivem ao longo da costa. É um projecto enorme, e tem a participação do comité oceanográfico, vocacionado que em 2021 começou a década dos oceanos, e a África vai se posicionar e como se apropria desse objectivo e com que capacidade pretende acompanhar e ficar ao nível relativamente equiparado diante dos desafios dos oceanos. Nesse processo far-se-á um diagnóstico sobre as situações negativas, mas para isso é preciso capacitar o homem, enquanto cidadão ou administrador de uma região e sobretudo na sua dimensão científica. É preciso capacitar as universidades para a investigação e essas poderem dar respostas que contribuam positivamente. Por outro lado, reavaliar os currículos de formação dos especialistas que se dedicam a questões do oceano e economia azul e como dinamizar o processo de consolidação das nossas estruturas de investigação científicas. Esses são alguns projectos, dentre eles os de combate a pobreza, referenciados como boa iniciativas, implementados com as organizações das Nações Unidas. Portanto, o que vai o correr é que nós, a partir deste momento, vamos ter de voltar a fazer o ponto com instituições privadas para a agenda. E aí teremos, já que existe a aliança de parceiros a nível global, condições de agarrar essa oportunidade para criar uma base de parceiros locais que podem apoiar a implementação do plano de acção.
Na próxima Bienal teremos muitos projectos nas áreas da arte e património, já que foi o tema da edição anterior?
Sim. E temos um exemplo concreto, visto que na sua essência, o tema do ano veio também para olharmos todos sobre as implicações da pandemia e como afecta o sector da cultura, desde artistas, promotores e como se pode encontrar soluções para acudir essa classe que vive situações económicas de carência. Portanto, através de uma orientação global debatida na Unesco, criou-se o processo de Resiliart, no domínio das artes e cultura. Aqui em Angola tivemos uma atenção providencial da direcção das escolas americanas em Angola. E as escolas americanas levam a cabo desde Abril de 2021 iniciativas de enquadramento e identificação de jovens na periferia, no anonimato, que apresentaram obras através daquilo que se pode chamar de residências artísticas. E daí surgiu a identificação de verdadeiros talentos. Esse projecto está enquadrar artistas, que desenvolvem produções artistas a partir de materiais reciclados. Esses artistas estão a receber formação de artistas angolanos conceituados, como Ana Silva, recentemente galardoada com o Prémio Nacional de Cultura e Artes. As obras produzidas por esses artistas emergentes vão alimentar exposições que serão feitas em Angola e no estrangeiro. Nesta base, está a ser preparado um programa de intercâmbio entre os artistas angolanos e artistas da cidade de Newark (Nova Jérsia, EUA). Dizendo de passagem, está aqui a vice-perfeita desta cidade, a uma visita de prospecção e perceber como é que essas obras podem ir fazer parte dos museus mais conceituados daquela cidade. Isso significa dizer que estas obras não estão aí para serem só expostas, elas acabam ganhando valor de mercado, e as vendas farão com que haja possibilidade de receitas para esses jovens. Além da formação, há a possibilidade de conviverem com grandes nomes da arte mundial.
Assinala-se o trabalho da direcção das escolas americanas em Angola, onde há artistas que desenvolvem produções artistas a partir de materiais reciclados