As histórias dos primos
Lucas Baptista e Domingos Pio Gourgel são primos. Cresceram e partilharam vários momentos juntos na infância no Bairro Operário. Com 79 anos, está o mais velho, Domingos Pio Gourgel, antigo morador do B.O. Actualmente, vive na Avenida 4 de Fevereiro, na Marginal de Luanda, desde que constituiu a sua família. Ainda assim, procura tempo para visitar amigos e partilhar momentos nostálgicos com quem do seu tempo ainda permanece “fiel”, às origens, mesmo com as metamorfoses registadas com o passar dos anos. Ainda de memória fresca e lúcida, felicitou a iniciativa de Manuel de Borja Júnior “Novato”, filho do Bairro Popular. Foi um dos poucos que deixou subsídios importantes na obra, apesar de ter reconhecido ser um produto inacabado, quer por limitações do próprio projecto literário, por um lado, por outro lado, por existir outras bibliotecas vivas que ainda poderão dar contributos para a história colectiva dos munícipes. Afirma que a sua árvore genealógica ainda permanece no Bairro Operário. Tio Lucas Baptista, é filho do Bairro Operário desde que nasceu . Depois do casamento mudou-se para a Rua N’ dunduma, no Sambizanga, mas nunca abandonou aquele pedaço de terra que faz parte das suas vivências. Poder deixar o seu contributo para a história da cidade de Luanda, particularmente do B.O, foi gratificante e mostrou-se disponível sempre que possível para contribuir com o seu saber em outros projectos literários do gênero. “Quando formos solicitado pelo nosso amigo e contemporâneo sabíamos que muitas coisas ainda existiam por abordar sobre as memórias dos habitantes antes e após a independência nacional”. Os primos fazem parte da direcção do Bangu Futebol Clube, na qual são fundadores, bem como da comissão directiva da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Operário. Por sua vez, o mais velho, Mário Gomes, nasceu a 16 de Dezembro de 1954, no Bairro Operário, onde permanece até aos dias de hoje. Tem 67 anos de vivência naquele que foi no passado considerado um bairro de elites. Vive no Edifício Carlos Dias, e ao longo de mais de seis décadas tem testemunhado as grandes transformações daquela parcela de Luanda. Aproveitou o momento para partilhar experiências e reviver com o autor da obra “Contributos Para a História do Bairro Operário - Tributo às suas Gentes e Famílias”, momentos marcantes do passado daqueles munícipes. Orgulhosamente feliz por ter nascido e feito toda a sua vida no Bairro Operário reconheceu a importância do livro por trazer elementos positivos no processo de reconstrução da memória colectiva dos seus munícipes. Embora considere-se das gerações a posterior aquelas ligadas directamente ao processo de libertação nacional, espera que a iniciativa seja um factor impulsionador às novas gerações.
Quando formos solicitado pelo nosso amigo e contemporâneo sabíamos que muitas coisas ainda existiam por abordar sobre as memórias dos habitantes antes e após a independência nacional