A minha singela homenagem nos seus 87 anos
Onacionalista e diplomata, Dombele Mbala Bernardo, comemorou, na sua residência, ao Patriota, em Luanda, o seu aniversário de 87 anos, com um jantar restrito e simbólico, ao lado de familiares e amigos, e o calendário (dia, mês e ano) repleto de “vários 2” a enfeitarlhe a data: 2/2/22.
Como convidados, estavam presentes o nacionalista Augusto Lopes Teixeira “Tutu”, o embaixador Ismael Gaspar Martins, o prefessor João Teta, o jornalista da “luta de libertação”, Siona Casimiro, o jornalista cultural, Arlindo Isabel, o ambientalista Giza Martins, diplomatas acreditados em Angola e familiares.
POR DENTRO
Dombele Mbala Bernardo é um douto e digno filho de Maquela do Zombo, nasceu em 2 de Fevereiro de 1935. Filho de Dombasi Luvuezo e de Menga Manzambi, autóctones desta região de “Kongo-dia Ntotila”. Domabasi Luvuezo foi um famoso e assíduo comerciante da região, homem apegado à família e ao trabalho. Mega Manzambi, mulher devota à religião, coadjutora do marido na boa educação da família e nos grandiosos planos futuros para os filhos. Dombele é de uma família de vários irmãos, é ainda o que mais se destacou em casa, por tão cedo se revelar homem inteligente, de excelente capacidade de motivação e diálogo. Dombele Bernardo aprendeu bastante na escola da vida, na academia, e muito cedo encantou-se pela política e diplomacia africanas. Mobilizador, enérgico, dedica, ainda hoje, tempo e sabedoria aos desafios de transformar Angola, endiabrado a todo o momento por um certo desejo de sempre crescer e vencer. Um combatente incansável da liberdade, defensor acérrimo dos desígnios pan-africanistas. Patriota que esbanja angolanidade, mas que se esbarra na concepção de Nkrumah, enquanto líder africano que chegou a ser citado por Luther King Jr. nos seguintes termos: “Prefiro a autonomia com perigos à servidão com tranquilidade”.
O EXÍLIO
Dombele Mbala Bernardo, muito jovem, escapou à opressão colonial portuguesa, abandonando o país com os seus pais. Instalou-se no país vizinho, a ex-colónia belga do Congo, (região de Mbanza Ngungu), posteriormente em Léopoldville, hoje Kinshasa. Graças à prosperidade comercial dos seus pais, frequentou os estudos em diferentes escolas missionárias, onde concluiu com distinção a formação profissional, permitindo-lhe entrar sem grandes dificuldades para a vida activa, evoluindo em diversas estruturas da Administração Pública e empresas privadas coloniais belgas. Em 1952, Dombele é recrutado e credenciado como funcionário na revista “Agente Belga Presse” por Jean Labrique, consultor de imprensa de Léon Antoine Marie Pétillon (1903-1996), o último governador belga que esteve no Congo até antes da Independência deste país africano. Naquela revista, Dombele Bernardo chegou a trabalhar com renomados nacionalistas congoleses, entre eles Nzeza Faustin, Kimbimbi Emíle, Kande Jean-jacques, Omari Antoine, Ndele Albert e Cakomba Denis. Dombele estudara com detalhe a história do Congo, os seus hábitos e costumes, mas sabia que ia ter mais uns quantos anos de trabalho e luta. Dombele dedicou-se, principalmente, a reportar assuntos sobre política, a luta dos povos africanos pela sua autonomia, independência e reconhecimento internacional. Um jovem com mestria na escrita e que vivia no Congo submergido numa situação de permanente preocupação com a evolução da vida e da política no território angolano. A sua vida e trabalho feito no Congo ajudam-no a tonificar a concepção de que a causa da sua luta mergulhou numa única razão: construir uma Angola melhor para todos os angolanos. Na casa dos 20 anos, o exílio transformou-o num jovem promissor e decididamente consciente que teria de galgar por muitos e longos caminhos. Por força do seu trabalho junto da revista “Agente Belga Presse”, construiu diferentes amizades, chegou a promover encontros sobre os quais esgrimia os seus argumentos em defesa da libertação e da independência de África. O exílio acabou por ser uma valente escola da vida para Dombele Bernardo. Foi no exílio que rapidamente aprendeu a ser o homem perseverante, focado na euforia de poder e sempre a perspectivar um melhor desempenho, seja a nível político, social ou económico, na vida do povo angolano. Em Angola, desde a década de 70 à data presente, privou com vários correligionários, entre eles Mandungu Mbula Nyaty, Jean Labrique, adido e embaixador do último governador belga na RDC (República Democrática do Congo), Muto Paul, Mavunga Gaston e Aguiar Dombasi Ferdinand.
O NOME DE DOMBELE NA CRIAÇÃO DA UNTA
A UNTA, União Nacional de Trabalhadores Angolanos, foi criada por um grupo de jovens angolanos. Deste grupo de jovens patriotas exilados no Congo (Léopoldville), destaca-se Pascoal Luvualu, Dombele Mbala Bernardo, Francisco Ndombe, Fernando Kiesse, Francisco Nsingui Massala, Mbidi Emílio, Pedro Fernando Mavunza, Joseph Kiala, Fuca António, Tchicalanga Adolfo, Seke Leornardo Ivula Ernesto, André Diassonama, e outros. Eles decidiram fundar a UNTA no dia 1 de Fevereiro de 1960, na República do Congo (Léopoldville), conforme consta nos registos da organização. Juntos expressaram a vontade e a determinação dos trabalhadores angolanos. Por este motivo, deliberaram constituir a união. Dois meses antes, o grupo de jovens organizou um comício e lançou um apelo para a tomada de consciência dos angolanos face à situação que o país vivia na altura. Enquanto esteve na qualidade de membro efectivo da UNTA, Dombele Mbala Bernardo tornou-se um protector dos legítimos interesses dos trabalhadores e dos princípios da democracia sindical. Dombele Bernardo, ao lado de Pascoal Luvualu e outros membros da organização, ajudou a promover, organizar e fortalecer a unidade de acção das associações sindicais filiadas e a luta pelo aumento constante do nível de vida dos trabalhadores, defendendo uma política de justiça social.o seu amigo Pascoal Luvualu coordenou a organização do primeiro Congresso da UNTA e uma concorrida marcha alusiva ao Dia Internacional do Trabalhador, realizada em 1 de Maio de 1988, em Luanda.
DEMONSTRAÇÃO DE CARINHO
Por mais que seja tratado por Dombele, muitos amigos e familiares pulam esse passo, e tratam-no “afectuosamente e diversamente Vieux Dom (sua família e amigos), Dom's (amigos de infância), Camarada Dombele (companheiros da UNTA), Camarada Dumbel (falecido Presidente António Agostinho Neto), Papá Dombele (antigo Presidente, José Eduardo dos Santos, e o actual Presidente, João Manuel Gonçalves Lourenço), sem esquecer a sua própria hierárquia no MIREX e todos os amigos da sede da CEEAC, em Libreville”. Continua...