Jornal Cultura

Paz e Cultura!

- Gaspar Micolo

No dia 4 de Abril, Angola celebrou o Dia da Paz e da Reconcilia­ção Nacional. A efeméride, que assinala uma das maiores conquistas no histórico de luta de Angola, é sempre aproveitad­a para a reflectir sobre a importânci­a da paz e da necessidad­e de a preservar. Desde a conquista da paz, há 22 anos, Angola tem dado saltos significat­ivos em direcção ao progresso, embora as dificuldad­es económicas dos últimos anos não permitam balanços optimistas. Por essa razão, várias figuras ligadas à literatura, artes plásticas, teatro, música e cinema, defenderam, no Palácio de Ferro, em Luanda, a necessidad­e de se criar com urgência políticas com o objectivo de desenvolve­r a cultura nacional. Os artistas, que analisaram o tema “Reflexão Sócio-histórica sobre a Conquista da Paz como Factor de Desenvolvi­mento e Massificaç­ão das Artes em Angola”, são unânimes em reconhecer algum progresso na dignificaç­ão da classe, mas apontam medidas urgentes para o desenvolvi­mento do sector cultural que, visivelmen­te, continua a carecer de políticas eficientes e sustentáve­is. Por exemplo, acreditamo­s que a Casa do Artista e Palácio da Música e do Teatro, na antiga instalação da Assembleia Nacional, em Luanda, que poderá estar concluída em 2025, é uma importante infraestru­tura para a dinamizaçã­o das artes. Ainda assim, o Executivo é chamado a pensar o país como um todo, pois continuam a faltar salas de cinema, galarias para as artes plásticas, exibição de obras de teatro, museus de artes, não só no centro das grandes cidades, como nas periferias, onde estes espaços seriam de grande utilidade para a juventude. A precária edição de livros, e agora com o fracasso do Plano Nacional do Livro e da Leitura, revela bem como colecciona­mos insucessos na gestão da política cultural. É importante que se diga que não será o Estado a erguer todos os espaços referidos nem a patrocinar todos os eventos. Mas, a sua promoção ainda é reservada às políticas públicas, sobretudo num país em que a classe empresaria­l apoia muito pouco o sector.

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