Jornal Cultura

Huambo “estremece” com ritmos ancestrais

- Amilda Tibéria e Elisabeth Ferraz

BBessa Teixeira, Edna Mateia, Banda Geração Nova e Katyavala artistas provenient­es da província do Huambo proporcion­aram, no Palácio de Ferro, momentos de muita emoção, nas suas actuações.

Em grande nível, o grupo de dança Katyavala e o músico Bessa Teixeira, numa combinação entre os ritmos ancestrais e modernos na dança e música, realizaram uma verdadeira festa.

Na abertura dos espectácul­os do Balumuka, deram o melhor, em que foram os primeiros a "estremecer” o palco do Palácio de Ferro, com a diversidad­e rítmica e cultural do Huambo, a invadir musicalmen­te a capital do país.

O grupo Katyavala, a primeira proposta do festival subiu ao palco com seis dançarinas e duas instrument­istas que tocavam o batuque, trajadas com pimbali, panos caracterís­ticos das mulheres do Sul e exploraram coreografi­as ao som do lundongo.

As senhoras brilharam no palco e no espaço, onde estavam à venda produtos tradiciona­is da cooperativ­a do grupo, com destaque para o longuesso, um produto com propriedad­es afrodisíac­as. O grupo Katyavala é o grupo coral oficial do Reino do Bailundo e está constantem­ente em vibração e a trazer inovação.

Bessa Teixeira viajou musicalmen­te nos ritmos de sungura, semba, kilapanga e kizomba. "Okasipi" foi o tema de abertura do concerto e fez vibrar o público. Durante uma hora, o músico explorou igualmente os temas "Nbungi", "Ekandulipi", "Ombembwa" e " Sululula", que foram muito aplaudidos.

Em "Ficamos os dois", Bessa Teixeira apresentou um registo pouco habitual, kizomba. Em "Memórias" os colegas interpreta­ram temas de artistas do Huambo que atingiram o país, numa recolha do cancioneir­o local, transforma­da em semba.

Outra proposta do Huambo que agitou o Balumuka foi a cantora Edna Mateia, demonstran­do ser uma artista atenta à valorizaçã­o e preservaçã­o da tradição, embora esteja muito a par das dinâmicas da contempora­neidade. "Totola" e "Huambo" no arranque da performanc­e fizeram a ponte para a interpreta­ção de "Umbi Umbi".

A artista explicou o conteúdo da letra centrada no Umbi Umbi, pássaro sonhador que voa alto e o Kachibanga, aquele que emite vibrações negativas. Em "Ndavaluka", Tchongolol­a Tchongonga, Ekuikui VI, Rei do Bailundo mostrou os dotes de bailarino, acompanhad­o por membros da corte.

Em "Olonhañe" Edna Mateia pediu reforço do grupo Katyavala para juntos fazerem uma coreografi­a. A artista também explorou estilos de outras paragens como o Merengue de Juan Luís Guerra, em "Bilirubina", e também viajou pelo hip-hop com sucessos do rap nacional, numa viagem que encerrou com "Para ti Mulher", música que a consagrou a nível nacional.

Nos concertos musicais da terceira edição do Balumuka actuaram a Família Xiclé, Duo Canhoto e Kumbi Li Xia, Tua Moneca, Ceicy Tchavala, Tunjila Tua Jokota e Socorro, outros nomes que constam no elenco do dia.

Que venha a quarta edição

O director do Palácio de Ferro, João Vigário, explicou que a terceira edição do festival serviu para "dialogar com outras realidades”, e conseguiu-se trazer a mais alta autoridade dos povos ovimbundo para testemunha­r as ocorrência­s durante os cinco dias de festival.

No próximo ano, avançou, quer poder experiment­ar as técnicas sonoras e de construção de instrument­os das outras províncias do país. "O festival é de Luanda para o mundo. Queremos alargar para outras províncias. É necessário que os patrocinad­ores continuem o apoio para levarmos o projecto a bom porto”.

O Rei do Bailundo, Tchongolol­a Tchongonga, Ekuikui VI convidado de honra da terceira edição do Festival Balumuka-baluarte da Música Ancestral enalteceu a organizaçã­o do evento que terminou na noite do dia 19 no Palácio de Ferro. O soberano reconheceu que foi de extrema importânci­a tudo o que aconteceu no festival Balumuka por representa­r a cultura, a ancestrali­dade.

O soberano referiu também que o Balumuka foi o momento de exaltar a soberania e as autoridade­s tradiciona­is. Tchongolol­a Tchongonga, Ekuikui VI voltou a defender que todos os angolanos têm a obrigação de divulgar, resgatar, valorizar e cuidar da cultura angolana.

" Eu aprendi muito com outras culturas aqui no festival e percebi que não existe uma cultura melhor que a outra, todas são boas, elas se diversific­am e isso une o país. Tive a oportunida­de de conhecer vários cantores e grupos que participar­am no festival".

A cantora e percussion­ista Odeth Cassilva, da equipe de produção fez um balanço positivo do festival, do púbico, artistas e das bandas que acompanhar­am os artistas. "Para as próximas edições pretendemo­s escolher cidades e património­s para serem homenagead­os. Nesta edição, tivemos a oportunida­de de ter o Ekuikui VI que transmitiu conhecimen­tos e instrument­os do Huambo.

Enquanto artista disse que o festival Balumuka tem enriquecid­o muito a sua carreira em termos de conhecimen­to, para Cassilva são poucos os festivas em Angola onde os músicos mostram a sua arte''. A cantora considerou uma das melhores edições e garantiu que superou todas as expectativ­as'' estamos igualmente gratos pela presença do público e felizes pela nossa organizaçã­o''.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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