Huambo “estremece” com ritmos ancestrais
BBessa Teixeira, Edna Mateia, Banda Geração Nova e Katyavala artistas provenientes da província do Huambo proporcionaram, no Palácio de Ferro, momentos de muita emoção, nas suas actuações.
Em grande nível, o grupo de dança Katyavala e o músico Bessa Teixeira, numa combinação entre os ritmos ancestrais e modernos na dança e música, realizaram uma verdadeira festa.
Na abertura dos espectáculos do Balumuka, deram o melhor, em que foram os primeiros a "estremecer” o palco do Palácio de Ferro, com a diversidade rítmica e cultural do Huambo, a invadir musicalmente a capital do país.
O grupo Katyavala, a primeira proposta do festival subiu ao palco com seis dançarinas e duas instrumentistas que tocavam o batuque, trajadas com pimbali, panos característicos das mulheres do Sul e exploraram coreografias ao som do lundongo.
As senhoras brilharam no palco e no espaço, onde estavam à venda produtos tradicionais da cooperativa do grupo, com destaque para o longuesso, um produto com propriedades afrodisíacas. O grupo Katyavala é o grupo coral oficial do Reino do Bailundo e está constantemente em vibração e a trazer inovação.
Bessa Teixeira viajou musicalmente nos ritmos de sungura, semba, kilapanga e kizomba. "Okasipi" foi o tema de abertura do concerto e fez vibrar o público. Durante uma hora, o músico explorou igualmente os temas "Nbungi", "Ekandulipi", "Ombembwa" e " Sululula", que foram muito aplaudidos.
Em "Ficamos os dois", Bessa Teixeira apresentou um registo pouco habitual, kizomba. Em "Memórias" os colegas interpretaram temas de artistas do Huambo que atingiram o país, numa recolha do cancioneiro local, transformada em semba.
Outra proposta do Huambo que agitou o Balumuka foi a cantora Edna Mateia, demonstrando ser uma artista atenta à valorização e preservação da tradição, embora esteja muito a par das dinâmicas da contemporaneidade. "Totola" e "Huambo" no arranque da performance fizeram a ponte para a interpretação de "Umbi Umbi".
A artista explicou o conteúdo da letra centrada no Umbi Umbi, pássaro sonhador que voa alto e o Kachibanga, aquele que emite vibrações negativas. Em "Ndavaluka", Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI, Rei do Bailundo mostrou os dotes de bailarino, acompanhado por membros da corte.
Em "Olonhañe" Edna Mateia pediu reforço do grupo Katyavala para juntos fazerem uma coreografia. A artista também explorou estilos de outras paragens como o Merengue de Juan Luís Guerra, em "Bilirubina", e também viajou pelo hip-hop com sucessos do rap nacional, numa viagem que encerrou com "Para ti Mulher", música que a consagrou a nível nacional.
Nos concertos musicais da terceira edição do Balumuka actuaram a Família Xiclé, Duo Canhoto e Kumbi Li Xia, Tua Moneca, Ceicy Tchavala, Tunjila Tua Jokota e Socorro, outros nomes que constam no elenco do dia.
Que venha a quarta edição
O director do Palácio de Ferro, João Vigário, explicou que a terceira edição do festival serviu para "dialogar com outras realidades”, e conseguiu-se trazer a mais alta autoridade dos povos ovimbundo para testemunhar as ocorrências durante os cinco dias de festival.
No próximo ano, avançou, quer poder experimentar as técnicas sonoras e de construção de instrumentos das outras províncias do país. "O festival é de Luanda para o mundo. Queremos alargar para outras províncias. É necessário que os patrocinadores continuem o apoio para levarmos o projecto a bom porto”.
O Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI convidado de honra da terceira edição do Festival Balumuka-baluarte da Música Ancestral enalteceu a organização do evento que terminou na noite do dia 19 no Palácio de Ferro. O soberano reconheceu que foi de extrema importância tudo o que aconteceu no festival Balumuka por representar a cultura, a ancestralidade.
O soberano referiu também que o Balumuka foi o momento de exaltar a soberania e as autoridades tradicionais. Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI voltou a defender que todos os angolanos têm a obrigação de divulgar, resgatar, valorizar e cuidar da cultura angolana.
" Eu aprendi muito com outras culturas aqui no festival e percebi que não existe uma cultura melhor que a outra, todas são boas, elas se diversificam e isso une o país. Tive a oportunidade de conhecer vários cantores e grupos que participaram no festival".
A cantora e percussionista Odeth Cassilva, da equipe de produção fez um balanço positivo do festival, do púbico, artistas e das bandas que acompanharam os artistas. "Para as próximas edições pretendemos escolher cidades e patrimónios para serem homenageados. Nesta edição, tivemos a oportunidade de ter o Ekuikui VI que transmitiu conhecimentos e instrumentos do Huambo.
Enquanto artista disse que o festival Balumuka tem enriquecido muito a sua carreira em termos de conhecimento, para Cassilva são poucos os festivas em Angola onde os músicos mostram a sua arte''. A cantora considerou uma das melhores edições e garantiu que superou todas as expectativas'' estamos igualmente gratos pela presença do público e felizes pela nossa organização''.