Maioria da população em Angola usa plantas com poder terapêutico
REVELA ESTUDO Os efeitos medicinais de muitas espécies estão comprovados
Um estudo realizado em Angola, durante nove anos, concluiu que cerca de 90 por cento da população angolana recorre à medicina tradicional para a cura de várias doenças.
O trabalho foi desenvolvido entre os anos 2002 e 2011, pelo Centro de Botânica e pela Faculdade de Ciências da UniversidadeAgostinho Neto (UAN).
A directora do Centro, Esperança Costa, disse ao Jornal de Angola que, ao longo da pesquisa, se soube que as pessoas utilizam plantas medicinais e barro para a cura de várias enfermidades.
Esperança Costa, que falava na segunda-feira, à margem da primeira Conferência Nacional Sobre Medicina Tradicional e Práticas Complementares, revelou que os resultados do estudo vão ser publicados em livro, a ser lançado ainda este mês.
O estudo, feito através de inquéritos realizados em todo o país, arrancou na província do Huambo, em 2002, e terminou em Novembro de 2011, no município do Soyo, província do Zaire.
A directora do Centro de Botânica explicou que existem 37 mil espécies de plantas no mundo, 70 por cento das quais têm efeitos terapêuticos. EmAngola, acrescentou, existem cerca de oito mil espécies de plantas e, deste número, 37 por cento são medicinais, com efeitos terapêuticos cientificamente comprovados. A lém disso, realçou que mais de 80 por cento dos fármacos têm na sua essência extractos vegetais.
Embora tenha reconhecido que os químicos sintetizados nos laboratórios farmacêuticos e utilizados na medicina moderna têm grande efeito, adiantou, em jeito de comparação, que os extractos retirados dos vegetais são 20 vezes mais potentes do que os sintetizados a nível dos laboratórios. Na opinião de Esperança Costa o país necessita de um laboratório que trate a componente de extracção do princípio activo das plantas medicinais, para não ser necessário recorrerse ao estrangeiro.
Até hoje, acrescentou, a extracção do princípio activo das plantas medicinais continua a ser realizada no exterior do país. “É necessário que seja feita emAngola para que os benefícios decorrentes do registo dessas plantas revertam a favor das comunidades locais de onde o recurso é oriundo”, defendeu.
Entende-se por medicina tradicional a combinação dos conhecimentos, habilidades e práticas baseadas em teorias, crenças e experiências de diferentes culturas e é usada para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças físicas ou mentais.